Acidente de trabalho – Petroleiros lembram 11 anos do acidente na P-56


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
16/03/2012



Nesta quinta-feira, 15 de março, os petroleiros do Norte Fluminense lembraram com um ato público os onze anos do acidente na plataforma de petróleo P-56, que deixou onze trabalhadores mortos. Depois de todo esse tempo, segundo os sindicalistas, pouca coisa mudou: a falta de segurança continua e os acidentes acontecem a todo momento. Somente na Bacia de Campos, segundo o Sindipetro, ocorreram mais de 1.600 acidentes de trabalho em 2011, porém, o número pode ser maior, pois nem todos são registrados como acidentes. 


O Sindipetro afirma que a maioria dos acidentes acontece com trabalhadores terceirizados. Esta é uma denúncia antiga, que vem acompanhada da falta de treinamento e preparo dos trabalhadores para realizar atividades complexas e perigosas que, segundo o Sindicato, deveriam ser de responsabilidade de trabalhadores efetivos. 

 

Auditores-Fiscais do Trabalho têm realizado fiscalizações regularmente em plataformas e outras instalações da Petrobras. Irregularidades na área de segurança e saúde sempre são encontradas e já levaram à interdição de vários espaços até que as exigências da lei fossem cumpridas. 

 

O acidente da P-56 foi de grandes proporções, causado por explosões em pilares da plataforma, fazendo com que ela se inclinasse. Dos onze operários mortos, somente foram resgatados os corpos de dois. Não foi possível recuperar a estrutura. Para o Sindipetro, os mesmos erros do passado estão sendo repetidos e outro acidente semelhante pode acontecer a qualquer momento. 

 

Veja matérias relacionadas: 

 

15-3-2012 – Portal R7 Rio de Janeiro

 

Petroleiros denunciam falta de segurança no trabalho durante ato pelos 11 anos do acidente da P-36

 

 

Eles reclamam do número de acidentes nas plataformas brasileiras

 

Dezenas de petroleiros fizeram uma manifestação na manhã desta quinta-feira (15) na porta dos terminais onde os trabalhadores da indústria do petróleo embarcam para as plataformas da bacia de Campos, no norte do Estado.

 

Com camisetas brancas e faixas com os dizeres "P-56 Você esqueceu? Nós não", eles lembraram os 11 anos do acidente onde morreram 11 trabalhadores. Durante a mobilização organizada pelo Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense), eles denunciaram a falta de segurança nas unidades e alertaram para a importância de registrar os acidentes de trabalho. O objetivo foi conscientizar os petroleiros que embarcavam ou desembarcavam no heliporto do Farol de São Tomé, em Campos e nos aeroportos de Macaé e Cabo Frio. Diariamente 1.800 trabalhadores voam nos helicópteros com destino às plataformas da Petrobras.

 

Em Campos a mobilização foi pacífica. Em Macaé, alguns manifestantes tentaram impedir a entrada dos petroleiros nas aeronaves para garantir a presença durante o discurso dos manifestantes. Algumas viúvas de vítimas de acidentes participaram da mobilização.

 

De acordo com o diretor do Sindipetro-NF, Cláudio Alberto de Souza, em 2011 foram registrados 1.606 acidentes na bacia de Campos, o que dá uma média de quatro por dia, e 119 mortes nos últimos 14 anos.

 

- Esses números são baseados no CAT [Comunicação de Acidente de Trabalho], mas existem muitos que não são registrados.

 

O petroleiro Woldney Duarte denunciou que escorregou em uma água misturada a óleo dentro de uma plataforma em 2008, mas o caso foi registrado como incidente. Até hoje ele anda de muletas e está de licença.

 

Segundo o sindicato da categoria as quedas provocadas por equipamentos fora do lugar e piso escorregadio são os acidentes mais comuns nas plataformas.

 

Armando Freitas, que é técnico de segurança de plataforma e trabalha como petroleiro há 36 anos, explicou que outra causa de acidentes é a falta de manutenção de algumas unidades. Por estarem em alto mar sofrem com a ação da maresia que provocam corrosão nas estruturas metálicas.

 

- Por causa da preocupação de garantir a produção, muitas vezes são feitos gatilhos para garantir o funcionamento de uma unidade. Isso coloca em risco a vida do trabalhador.

 

Por meio de nota, a Petrobras informou que trabalha preventivamente para que não ocorram acidentes e investe em treinamento intensivo, integridade das instalações e segurança de processo, além de exigir o mesmo das empresas fornecedoras. De acordo com a companhia, no período de 2000 a 2011, a Taxa de Frequência de Acidentados com Afastamento da Petrobras reduziu de 3,60 para 0,68.

 

O acidente

O acidente da P-36 aconteceu nas primeiras horas da madrugada do dia 15, no campo do Roncador. Tudo começou com duas explosões em um dos pilares da plataforma, desestabilizando a estrutura, que ficou inclinada. Na hora do acidente, existiam 175 petroleiros na unidade e 11 deles morreram. Apenas dois corpos foram resgatados.

 

Na última terça-feira (13), um acidente com a plataforma SS-39 fez com que muita gente revivesse o caso da P-36. Um incêndio em um dos pilares da unidade alertou todos os 102 petroleiros da unidade. A produtora chegou a ficar inclinada. O incêndio e a inclinação foram controlados e a unidade já voltou a operar, mas a Petrobras acionou um esquema especial para o caso de precisar transferir os trabalhadores para unidades próximas, como aconteceu há 11 anos. 

 

15-3-2012 – O Globo

 

Petrobras: 4 acidentes por dia em Campos  

 

Henrique Gomes Batista* 

 

Sindipetro critica excesso de peso em coluna de sustentação e diz que erro da P-36 se repetiu, após 11 anos, na SS-39

 

MACAÉ e RIO. A Petrobras teve 1.606 acidentes de trabalho em 2011 somente na Bacia de Campos, segundo levantamento do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF). Foram quatro ocorrências por dia. 

 

De acordo com o sindicato, 119 trabalhadores morreram enquanto trabalhavam na Bacia de Campos desde 1998, sendo 85 terceirizados e 34 efetivos da Petrobras. Procurada pelo O GLOBO, a Petrobras alegou que trabalha preventivamente para que não ocorram acidentes e que investiu US$ 5,2 bilhões em segurança, meio ambiente e saúde no ano passado. 

 

A falta de segurança nas plataformas também prejudicou o desempenho financeiro da companhia. Só em 2011, interdições de plataformas fizeram com que a empresa deixasse de ganhar US$ 116 milhões, segundo estimativas de Rodrigo Pimentel, técnico do Dieese. 

 

O incêndio que causou na tarde de terça-feira o adernamento da sonda de perfuração SS-39 (Alaskan Star), da empresa Queiroz Galvão Óleo e Gás, pode indicar que a Petrobras - que contratou o serviço da sonda no campo de Albaroca, na Bacia de Campos, a 139 quilômetros de Macaé - não estava cumprindo os melhores requerimentos de segurança embarcada. Embora, segundo a estatal, o problema já tenha sido contornado, o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro/NF) alerta que a companhia pode ter, de certa forma, repetido os erros que causaram o naufrágio da P-36, com onze mortes em 2001. Segundo a estatal, a SS-39 já voltou a seu nível normal, nenhum dos 102 funcionários embarcados se feriram e a sonda já está prestes a voltar à operação. 

 

Segundo Marcos Breda, diretor do sindicato, o acidente de terça-feira só ocorreu porque a estatal armazenou tinta em uma das torres da plataforma, que estruturam a sonda. O incêndio causado nessa despensa e o uso de água para controlá-lo desequilibraram a sonda, que chegou a inclinar três graus. 

- No relatório da P-36, a Petrobras indicava que novas estruturas não deveriam conter tanques e estruturas integradas em suas colunas, pois foi a explosão de um tanque que causou o naufrágio daquela plataforma. Na SS-39, vimos que a empresa está utilizando a torre para armazenar tintas. Isso não é ilegal, mas no sindicato sempre advogamos que as torres não tenham nada além do essencial, somos mais conservadores e precavidos - afirmou o diretor, lembrando que, independentemente disso, o sistema de bombeamento de água da torre falhou, o que contribuiu para o adernamento. 

 

Em nota, a Petrobras informou que foi um pequeno incêndio. A companhia não respondeu as críticas feitas pelo sindicato e não esclareceu se a bomba da torre, que poderia ter retirado a água, funcionou ou não. Também não esclareceu se incêndios desta natureza já haviam sido registrados antes na plataforma, como apontam petroleiros. 

 

A Queiroz Galvão, dona da plataforma, não se manifestou, informando apenas que opera a SS-39 desde 1994 e que foram feitas várias paradas para manutenção e modernização. A última ocorreu em 2010, quando ficou parada por quatro meses e foram investidos US$ 63,3 milhões. 

 

Alguns sindicalistas acreditam que a estrutura pode apresentar falha de manutenção. A SS-39 foi fabricada em 1976 e adquirida pelo grupo brasileiro em 1994. 

 

Uma comissão da Marinha passou o dia de ontem na plataforma para ver as condições da embarcação. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou que vai investigar o que aconteceu. E o Ministério Público do Trabalho (MPT) do Rio vai apurar se algum trabalhador foi atingido.

 

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