Durante audiência pública na Comissão Especial, parlamentar usou dados funcionais do presidente do Sindicato para desqualificar a posição da instituição contra a PEC 287/2016
O episódio ocorrido na audiência pública da Comissão da Reforma da Previdência, no dia 7 de março, está causando a indignação de parlamentares e representantes de entidades dentro e fora do serviço público. Na audiência, após a fala de Carlos Silva, que se posicionou contra a Proposta de Emenda à Constituição – PEC 287/2016, o deputado Júlio Lopes (PP/RJ) desferiu ataques pessoais ao presidente do Sinait, expondo dados de seu contracheque de janeiro/2017, obtidos pela internet durante a reunião, no Portal da Transparência.
O Sinait repudia os ataques do deputado Júlio Lopes ao presidente Carlos Silva, que atinge todos os servidores públicos brasileiros. Vale ressaltar que Carlos Silva participou da audiência como debatedor, a convite da Casa, ocasião em que afirmou ser a Reforma Previdenciária ilegítima e inconstitucional, destacando a deliberada omissão do governo em não combater rombos bilionários decorrentes de sonegação das contribuições previdenciárias dos segurados desempregados, numa apropriação indébita de mais de R$ 90 bilhões pelos empregadores, isso somente nos últimos quatro anos.
Para o Sinait, a reação do deputado somente pode ser explicada pelo posicionamento da entidade contra a PEC, tendo em vista que o parlamentar é favorável à proposta. Júlio Lopes optou por promover uma verdadeira batalha, maldosa e tacanha, para desqualificar o representante dos Auditores-Fiscais do Trabalho. Para o parlamentar, os descontentes com a Reforma da Previdência, tal como o Auditor-Fiscal do Trabalho Carlos Silva, são apenas aqueles que recebem maiores remunerações.
Sob pretexto de justificar sua fala, expôs, sem contextualização, informações da vida funcional do dirigente do Sinait, para desqualificar a posição firme da entidade contra a PEC 287/2016. Intencionalmente, Júlio Lopes buscou o mês de maior remuneração do presidente do Sindicado dos Auditores-Fiscais do Trabalho, a fim de responsabilizar todos os servidores públicos pela situação fiscal do país.
De maneira maliciosa, o deputado defendeu o fim dos “benefícios” dos servidores, como se estes percebessem suas remunerações de “maneira ilegal e imoral”, o que não é verdade. No entendimento do parlamentar, pessoas como o Auditor-Fiscal do Trabalho Carlos Silva, que se posicionou contra a Reforma da Previdência, não poderiam ser servidores públicos, mas deveriam estar na iniciativa privada. O deputado também disse, de forma pejorativa, que o representante dos Auditores-Fiscais do Trabalho deveria ser um camelô.
Para o presidente do Sinait, em posição externada em direito de resposta durante o debate, não há nenhum problema em ser um camelô, pois o trabalho é digno como todos os outros. Carlos Silva relatou em seguida que sua mãe trabalhou dignamente nesta profissão por muitos anos, ao lado de seu pai, motorista de caminhão de bebidas, hoje afastado do trabalho por motivo de doença acidentária. O presidente do Sinait destacou que este é o seu mundo e aí estão suas raízes, na dura realidade dos trabalhadores, e que, justamente por isso, não poderia, assim como todos os Auditores-Fiscais do Trabalho, deixar de se posicionar contra a PEC 287/2016, que só interessa ao mercado financeiro. “A PEC fere de morte os direitos da grande maioria do nosso povo, que são os trabalhadores.”
Veja aqui vídeo que mostra a fala completa do presidente do Sinait, a fala do deputado Júlio Lopes no momento em que ele atacou o presidente do Sinait, e a resposta de Carlos Silva.