Filme “Menino 23” fomenta o debate sobre a escravidão contemporânea


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
16/12/2016



A Auditora-Fiscal do Trabalho Márcia Albernaz, do Rio de Janeiro, participou de dois eventos que discutiram o tema da escravidão contemporânea, permeados pelo filme “Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil”, recém lançado.


O primeiro evento foi realizado no dia 25 de novembro, em alusão ao Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, promovido pela 32ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/RJ Madureira/Jacarepaguá, pela Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil do Conselho Federal da OAB e Centro de Documentação e Pesquisa da OAB/RJ. O debate, com participação de Márcia Albernaz e da presidente da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, Sandra Escovedo, sobre Reparação da Escravidão Negra, ocorreu após a exibição do documentário “Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil”.


Ainda participaram o presidente da 32ª Subseção da OAB/RJ, Remi Martins Ribeiro e a vice-presidente Janice Santana; o presidente da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil do Conselho Federal da OAB, Humberto Adami; diretor do Centro de Documentação e Pesquisa da OAB/RJ, Aderson Bussinger, e o presidente da Comissão de Direitos Humanos  da 32ª. Subseção, Elizeu Buzzani.


No dia 7 de dezembro, a Auditora-Fiscal esteve presente no debate organizado pela professora Marcela Soares, da Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense.


Márcia Albernaz falou do início do combate à escravidão contemporânea, em 1995, pelos Grupos Especiais de Fiscalização Móvel, quando o foco era a exploração perpetrada no âmbito rural. Foi somente a partir de 2009 que alguns casos urbanos começaram a aparecer em oficinas de costura – com predominância de trabalhadores estrangeiros, na construção civil e em pastelarias chinesas. Ela afirma ter presenciado cenários chocantes em fiscalizações de que participou, bastante parecidos com o abordado no documentário.


A escravidão contemporânea, contextualizou Márcia Albernaz, é um fenômeno mundial e globalizado. A situação localizada pelo documentário já se passa numa época em que a escravidão era ilegal, tal como hoje. Segundo ela, a escravidão está no dia a dia, mas, muitas vezes, as pessoas não vêem. E é preciso refinar esse olhar, para perceber as variantes da exploração. Vários exemplos de fiscalizações foram citados pela Auditora-Fiscal do Trabalho, mostrando a diversidade de situações em que o trabalho escravo é encontrado hoje.


O filme


O documentário “Menino 23”, de Belisário França, parte da descoberta de tijolos marcados com suásticas nazistas em uma fazenda no interior de São Paulo. O filme acompanha a investigação do historiador Sidney Aguilar, que mostrou que, durante os anos 1930, empresários ligados ao pensamento eugenista (integralistas e nazistas) removeram 50 meninos negros órfãos do Rio de Janeiro para Campina do Monte Alegre/SP, para dez anos de escravidão e isolamento na Fazenda Santa Albertina, de Osvaldo Rocha Miranda. Lá, passaram a ser identificados por números e foram submetidos ao trabalho escravo por uma família que fazia parte da elite política e econômica do país, e que não escondia sua simpatia pelo ideário nazista.


Aos 83 anos, dois sobreviventes dessa tragédia brasileira, Aloísio Silva, o “menino 23”, e Argemiro Santos, assim como a família de José Alves de Almeida, o “Dois”, revelam suas histórias pela primeira vez.


Veja aqui trailer do documentário “Menino 23” e série de depoimentos sobre o filme.

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