RJ: Fiscalização resgata três chineses e interdita duas pastelarias


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
22/04/2015



Uma fiscalização realizada nesta sexta-feira, 17 de abril, por Auditores-Fiscais do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro - SRTE/RJ e agentes do Procon/RJ, em várias pastelarias do Estado, resgatou três chineses que eram submetidos a condições análogas à escravidão. Um deles estava em um buraco no sótão de uma loja na Praça Mauá, no Centro; os outros dois em um estabelecimento na Rua Luís Barbosa, em Vila Isabel. 


A fiscalização também interditou os locais por condições insalubres e amostras de seus salgados serão analisadas em um laboratório, que indicará a procedência dos alimentos usados como recheios, já que em outros estabelecimentos foram encontrados cachorros congelados dentro de freezers. 


Os três chineses encontrados nas pastelarias da Praça Mauá e de Vila Isabel não falam português nem tinham documentos. Eles foram levados para a sede do SRTE/RJ para prestar depoimentos com o auxílio de um intérprete. 


Além do Centro, a fiscalização verificou denúncias na Tijuca, na Zona Norte do Rio, e em outras cidades da Baixada Fluminense, como Nova Iguaçu, Belford Roxo, Duque de Caxias, Jarepi e Paracambi. O objetivo é combater o trabalho escravo urbano e o tráfico de pessoas, e verificar a procedência da carne servida aos consumidores. 


Essa é quarta fase da "Operação Yulin", que começou no ano de 2013, em Parada de Lucas. Em 2014, foi realizada em Mangaratiba e, no início de 2015, em Copacabana. Nas três primeiras, também houve a constatação de situações de trabalho escravo e quatro pessoas foram resgatadas. 


A operação, motivada pelas denúncias de trabalho escravo e de uso de carne de cachorro em pastéis, foi batizada de Yulin porque este é o nome de uma cidade chinesa onde, anualmente, acontece um festival culinário no qual cães são abatidos para o preparo de vários pratos. 


Gato para afastar ratos


A primeira pastelaria visitada nesta sexta-feira pela equipe da SRTE/RJ e do Procon foi a da Praça Mauá. De acordo com a Auditora-Fiscal Larissa Abreu, havia colchões no andar superior do estabelecimento, e um dos empregados dormia em um buraco, junto a vários cabos de eletricidade.  “O cenário que encontramos apresenta fortes indícios de que ele estava em uma situação análoga à escravidão”, disse Larissa. 


O estabelecimento recebeu autos de infração por apresentar condições insalubres. De acordo com a fiscalização o cenário era de horror. Um gato circulava por uma bancada na qual havia uma grande quantidade de frango desfiado, que seria usada para rechear pastéis. Trabalhadores disseram que o felino servia para afastar ratos. No entanto, o animal poderia urinar e defecar nos alimentos, contaminando-os. Poeira e insetos também foram constatados na área de preparação dos salgados. 


Na pastelaria de Vila Isabel, além de dois funcionários que estariam trabalhando em regime análogo à escravidão, a equipe encontrou alimentos com prazo de validade vencido e marcas de mordidas de roedores em diversos pacotes. O estabelecimento também recebeu autos de infração por insalubridade. 


Cartilhas em mandarim vão orientar chineses


O Ministério do Trabalho e Emprego – MTE e o Ministério Público do Trabalho – MPT  vão confeccionar cartilhas em mandarim  sobre os direitos trabalhistas no Brasil, para que sejam distribuídas aos chineses nos aeroportos. O MPT investiga a máfia do trabalho escravo em pastelarias no Rio de Janeiro, envolvendo cinco vítimas de nacionalidade chinesa. 


No sábado, 17, O GLOBO revelou que, durante uma operação do Ministério Público do Trabalho, procuradores encontraram carne de cachorro congelada em uma pastelaria de Parada de Lucas, na qual um funcionário, também chinês, tinha várias marcas de tortura pelo corpo. A vítima era submetida a severos castigos físicos, de acordo com o órgão. 


Já os cachorros que podem ter sido mortos a pauladas foram encontrados congelados, e a suspeita é que eles seriam utilizados no preparo da carne para o recheio de pastéis. 


Casos de trabalho escravo podem ser denunciados ao MPT-RJ por meio do telefone 0800-0221-331 ou pelo site. O denunciante não precisa se identificar. 


Clique aqui para ver matéria sobre a operação Yulin publicada em O Globo. 


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