Nesta terça-feira, 25 de março, três trabalhadores foram soterrados depois que uma barreira caiu sobre eles quando cavavam um buraco na fundação de um prédio de alto luxo em João Pessoa, capital da Paraíba. Um operário morreu e os outros dois foram resgatados com vida pelo Corpo de Bombeiros, chamado para fazer o socorro das vítimas no local. Os dois operários que se salvaram tiveram fratura na perna, pancada no tórax e escoriações pelo corpo e estão fora de perigo. Eles ficaram em observação no Hospital de Traumas de João Pessoa e já foram liberados.
A obra foi embargada por Auditores-Fiscais do Trabalho, que também interditaram serviços e equipamentos no canteiro. O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Crea/PB e o Ministério Público do Trabalho – MPT também estão atuando no caso. O embargo e a interdição ajudarão a manter o local do acidente intacto para facilitar as investigações.
A perícia na obra apontará as causas do acidente. Segundo testemunhas, o local era de alto risco – um paredão alto e extenso, sem escoramento – e a tragédia era anunciada. A esposa do trabalhador morto disse que ele já havia reclamado da falta de segurança na obra.
Casos como esse são corriqueiros no Brasil. Nem todos são noticiados, mas o problema tem proporção de epidemia. Entre acidentes e doenças decorrentes do trabalho são mais de 700 mil casos por ano, que levam à morte ou ao afastamento temporário ou permanente, deixando sequelas para toda a vida. O investimento em segurança não acompanha o crescimento do número de obras, deixando um rastro de tragédias.
Também muito grave é a falta de Auditores-Fiscais do Trabalho para fiscalizar as construções que empregam milhões de operários no país. O número de Auditores-Fiscais míngua, em contraste com o aquecimento econômico que propicia o aumento de empreendimentos imobiliários. O Sinait denuncia, o governo silencia, os trabalhadores morrem.
Assista aqui reportagem sobre o acidente.
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25-3-2014 – G1 PB
Um acidente em um canteiro de obras deixou três funcionários soterrados no início da tarde desta terça-feira (25) no bairro do Altiplano, em João Pessoa. Segundo informações do major Marcelo Lins, do Corpo de Bombeiros, eles estavam cavando um buraco de 10 metros de largura por 8 metros de profundidade, quando a barreira caiu sobre eles.
Até as 16h20, dois dos funcionários já haviam sido resgatados por equipes dos Bombeiros e levados para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, de acordo com informações da assessoria do Corpo de Bombeiros. O primeiro, de 43 anos, deu entrada no Trauma às 13h52 e está em observação, em estado regular, segundo a assessoria da unidade hospitalar. O terceiro funcionário ainda não foi encontrado. O Corpo de Bombeiros solicitou a presença do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) e do Minsitério do Trabalho no local. O Crea já informou que enviou um fiscal à obra. No local, está sendo construído um prédio da Vertical Engenharia. O gerente de obras da construtora, Jorge Saback, disse ao G1 que todos os esforços estão concentrados em resgatar o terceiro funcionário e, por isso, as causas do acidente ainda não foram avaliadas.
25-3-2014 – G1 PB
O Ministério do Trabalho e Emprego embargou a obra envolvida no acidente que deixou um funcionário morto e dois feridos na tarde desta terça-feira (25), em João Pessoa, e ainda interditou os serviços e equipamentos usados no canteiro. A informação foi confirmada pelo procurador-chefe do Trabalho, Cláudio Gadelha.
“É uma garantia de que a perícia seja feita da melhor maneira possível. As atividades no local só devem ser retomadas depois que comprovada a condição de retorno seguro ao trabalho”, explicou Gadelha.
O procurador explicou que a empresa ficará impedida de movimentar qualquer equipamento dentro do espaço que aconteceu o acidente, ou seja, a área ficará isolada.
Entenda o caso
Três funcionários que participavam das obras de fundação de um prédio no bairro do Altiplano foram soterrados na tarde desta terça-feira (25). Segundo informações do major Marcelo Lins, do Corpo de Bombeiros, eles estavam cavando um buraco de 10 metros de largura por 8 metros de profundidade, quando a barreira caiu sobre eles.
O primeiro funcionário, de 43 anos, deu entrada no Trauma às 13h52, ficou em observação e em seguida recebeu alta. O segundo saiu do canteiro por volta das 16h20 e o hospital informou que está em estado regular.
O processo de resgate acabou sendo lento porque os bombeiros não sabiam onde o terceiro operário estava e precisaram agir cuidadosamente para aumentar as chances de sobrevivência dele. O corpo foi encontrado por volta das 17h40.
O subgerente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) informou que o órgão vai elaborar um relatório para apontar os responsáveis técnicos pela obra, inclusive pela elaboração e implementação do Programa das Condições do Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT). O relatório ficará disponível para os órgãos que vão investigar o acidente.
Construtora de luto
O gerente de obras da Vertical Engenharia, Jorge Saback, informou que a construtora está de luto diante da morte do funcionário. Ele garantiu que a empresa está dando suporte aos familiares e que vai arcar com os custos de velório, enterro e traslado, caso seja necessário. O local do velório ainda não foi definido, mas deve acontecer no interior.
As causas do acidente ainda não foram avaliadas porque, segundo Saback, toda a equipe da Vertical está concentrada em confortar a família do funcionário.
26-3-2014 – G1 PB / TV Cabo Branco
“A barreira caiu, mas ninguém teve culpa. Isso nunca aconteceu esse tempo todo que trabalho lá. Acidente acontece. Ninguém procura acidente”, contou o operário Dimas Francisco Gomes, 43 anos. Ele sobreviveu à queda de uma barreira, na tarde desta terça-feira (25), durante as obras de um prédio, no bairro do Altiplano, em João Pessoa. Dos três envolvidos, um morreu e o outro também foi socorrido para o Hospital de Emergência e Traumas Senador Humberto Lucena (HTSHL).Segundo o Corpo de Bombeiros, os três operários estavam cavando um buraco de 10 metros de largura por 8 de profundidade quando a barreira cedeu. “A gente viu cair um pedaço, mas quando foi correr não deu tempo. Aterrou a gente. Eu saí primeiro porque os meninos me tiraram, porque fui o que menos se aterrou. Vontade de ajudar os outros eu tinha, mas eu estava com a perna presa debaixo do barro”, desabafou.
No local onde ocorreu o acidente está sendo construído um edifício. O Ministério do Trabalho e Emprego embargou a obra e interditou os serviços e equipamentos usados no canteiro para garantir que a perícia seja feita da melhor maneira possível, segundo o procurador-chefe do Trabalho, Cláudio Gadelha.
O subgerente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) informou que o órgão vai elaborar um relatório para apontar os responsáveis técnicos pela obra, inclusive pela elaboração e implementação do Programa das Condições do Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT). O relatório ficará disponível para os órgãos que vão investigar o acidente.