Milhares de acidentes e doenças atingem trabalhadores todos os dias, totalizando mais de 700 mil por ano. Sinait denuncia, diariamente, negligência dos empregadores e falta de Auditores-Fiscais do Trabalho para alcançar todo o mercado de trabalho
No bairro Sumaré, zona Sul de Ribeirão Preto (SP), um homem de 40 anos morreu enquanto cortava uma estrutura metálica em uma obra de reforma de um consultório médico, no dia 19 de agosto. Era o primeiro dia de trabalho do ferreiro na construção.
João Batista Rocha havia acabado de almoçar e se preparava para cortar uma estrutura metálica. Segundo o primo dele, que também trabalha na construção, João substituiu a lâmina da lixadeira por uma maior, que não era compatível. Para isso, ele teve que tirar a capa de proteção da máquina e não tornou a colocá-la. “Quando ele bateu a lixadeira no ferro, o disco quebrou e bateu no pescoço. Quando eu vi, tinha um buracão no pescoço dele. Fiquei desesperado”, conta Benedito Ferreira Lima, de 46 anos.
Segundo o representante do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil local, o trabalhador não tinha registro na Carteira de Trabalho e a obra apresentava irregularidades, como a falta de sinalização. Não havia um engenheiro responsável no local do acidente. O Sindicato encaminhou denúncias aos Ministérios do Trabalho e Emprego e Ministério Público do Trabalho.
Outro acidente
Em Diadema, no ABC Paulista, no mesmo dia, dois pedreiros caíram de um andaime – na altura de 11 metros, após receber um choque elétrico. Um deles, Joaquim Antônio dos Santos, 63 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada de terça-feira, 20 de agosto, no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, também no ABC. O outro pedreiro, José Romão da Silva, 50 anos, continua internado em estado grave.
A equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que prestou os primeiros socorros, não informou se eles usavam algum tipo de equipamento de segurança.
Sinait denunciou situação em artigo
O Sinait noticia esses casos com o objetivo de chamar a atenção para o fato de que há necessidade de campanhas de conscientização e de mais Auditores-Fiscais do Trabalho atuando para fiscalizar os locais de trabalho, identificar os riscos e sanar as irregularidades, antes que os acidentes aconteçam. Enquanto não houver reposição e ampliação do quadro de Auditores-Fiscais, a situação tende a permanecer da mesma forma, com centenas de milhares de trabalhadores acidentados e doentes todos os dias.
Isto já foi denunciado inúmeras vezes, em diversos e variados fóruns. Também foi assunto do artigo “A gênese dos acidentes de trabalho no Brasil”, assinado pela presidente do Sinait, Rosângela Rassy, e publicado pelo jornal Correio Braziliense no dia 5 de julho de 2012, e, posteriormente, em outros sites de notícias e de instituições ligadas à saúde e segurança no trabalho.
O artigo denuncia o quadro dantesco de acidentes de trabalho no país, revelando as estatísticas até o ano de 2010 (as de 2011 ainda não haviam sido divulgadas pelo INSS), pelo qual a sociedade paga custos altíssimos. A gênese deste quadro, segundo Rosângela, é o descumprimento da lei, situação fartamente comprovada pelos Auditores-Fiscais do Trabalho nas fiscalizações. Ela afirma que medidas urgentes precisam ser tomadas pelo poder público, entre elas, o aumento do número de Auditores-Fiscais do Trabalho, que poderia ajudar a conter essa chaga.
Releia aqui a íntegra do artigo “A gênese dos acidentes de trabalho no Brasil”.
Com informações do jornal A Cidade (Ribeirão Preto/SP) e do G1 São Paulo.