A ONG China Labor Watch divulgou relatório denunciando a exploração de crianças e adolescentes em fábricas de produtos da multinacional Apple na China. Segundo o documento, as condições de trabalho são desumanas e os jovens e mulheres grávidas cumprem extensas jornadas de trabalho, de pé, além de sofrerem humilhações e ameaças. Quem trabalha menos de doze dias, sai sem receber um centavo. O relatório diz que professores são coniventes com a situação e até indicam mão-de-obra infantil para as fábricas.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho – OIT existem cerca de 215 milhões de crianças entre 5 e 17 anos exploradas pelo trabalho no mundo, sendo 115 milhões em atividades perigosas e mais de 500 mil são vítimas de acidentes de trabalho todo ano. Em torno de 10,5 milhões exercem o trabalho infantil doméstico.
No Brasil, são cerca de 4,2 milhões trabalhando de forma irregular, muitas em trabalhos perigosos.
Em atividades como a montagem de telefones e de circuitos que envolvem pequenas peças, as crianças são uma mão de obra procurada por causa das mãos pequenas e da delicadeza com que manipulam os materiais. A China é sempre denunciada pela exploração do trabalho infantil, muitas vezes envolvendo marcas famosas mundialmente, como é o caso do Apple.
O relatório da ONG China Labor Watch está disponível aqui.
28-7-2013 – RTP Notícias
Nicky Loh, Reuters
A Apple vinha sendo denunciada pelas duríssimas condições de trabalho que praticava a fornecedora chinesa Foxconn e, para salvaguardar a sua imagem pública, transferiu uma parte das encomendas para outros fornecedores. O problema é que os outros fornecedores têm, com frequência, práticas ainda piores que a Foxconn
Um relatório publicado pela ONG China Labor Watch traça um retrato de condições desumanas em fornecedores de hardware como a Pegatron e explica-as em boa parte com a complacência ou mesmo cumplicidade de escolas e de professores, que fazem de angariadores de mão-de-obra infanto-juvenil para os fornecedores. Essa mão-de-obra, calculada num mínimo de 10.000 estudantes, acaba depois por trabalhar em condições que violam grosseiramente a já de si permissiva lei laboral chinesa. Produtos da Apple como o iPad ou o iPhone são, assim, fabricados em condições de extrema violência, com horários demasiado longos, com uma penosidade extrema, com longos períodos de pé, com equipamentos e formação em segurança muito deficitários e com uma remuneração muito baixa. Situações constatadas no relatório Turnos - 12 horas Horas extra - 80 por mês
Segundo o relatório, é frequente mulheres grávidas ou crianças serem obrigadas a trabalhar de pé em turnos de 8 horas e mais. O sistema de contagem das horas extraordinárias é visto como viciado e responsável pelas fraudes de subpagamento sistemático dessas horas. Ainda segundo o relatório, a dureza das condições de trabalho leva muitos trabalhadores jovens a desistirem em pouco tempo. Mas quem trabalha menos de doze dias, acaba sempre por partir sem receber qualquer pagamento. O ambiente é intimidatório e os trabalhadores são regularmente humilhados e ameaçados. O site de Der Spiegel, que procurou aprofundar através do seu correspondente em Xangai alguns dados constantes do relatório da China Labor Watch apenas ouviu dos responsáveis da Pegatron a garantia de que "a proteção dos nossos colaboradores é a nossa máxima prioridade". Mas outras fontes garantiram-lhe que, ao mudar da Foxconn para fornecedores como a Pegatron, a Apple o fizera por razões que tinham que ver com os baixos custos de produção à custa dos trabalhadores - mais até do que por motivos de preservação da sua imagem.