Terceirização – continua a polêmica em torno do PL 4.330


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
03/05/2013



Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei - PL nº 4.330/2004, de autoria do deputado federal Sandro Mabel (PMDB/GO), que dispõe sobre o contrato de prestação de serviço a terceiros e as relações de trabalho dele decorrentes - terceirização. O projeto permite a contratação de serviços para qualquer atividade da empresa, sem estabelecer limites ao tipo de serviço que pode ser alvo de terceirização.


A proposta tem pareceres nas Comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio – CDEIC e de Trabalho, Administração e Serviço Público – CTASP. No momento, a proposta está na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania – CCJC, cujo relator, deputado Artur Oliveira Maia (PMDB/BA), apresentou parecer no dia 2 de abril de 2013. O substitutivo apresentado recebeu 121 emendas, o que demonstra um grau de insatisfação e ressalvas em relação à matéria. Agora, o deputado precisa analisar as emendas apresentadas ao Substitutivo.


Impasse


Em 2011, foi criada, no âmbito da CTASP, uma comissão especial para discutir e apresentar sugestões sobre o tema. O relator foi o deputado Roberto Santiago (PSD/SP). No final do processo, a comissão especial apresentou uma proposta que foi aprovada. No entanto, não houve consenso das centrais sindicais entre si e nem com o setor empresarial. O impasse manteve a proposta parada até o mês passado.


Para o Sinait, a questão da terceirização é polêmica e o PL 4.330 fragiliza as relações de trabalho. A Auditoria-Fiscal do Trabalho, durante as ações fiscais, constata irregularidades trabalhistas apoiadas na terceirização, que precarizam o trabalho e, consequentemente, os direitos do trabalhador.


O Sindicato Nacional acompanha a tramitação do PL 4.330 e participa de debates sobre a terceirização que, sob o ponto de vista da Auditoria-Fiscal do Trabalho, tem trazido mais prejuízos do que benefícios aos trabalhadores. Um exemplo disso é o volume de ações que tramitam na Justiça do Trabalho: cerca de 21 mil processos.


Para ler o parecer da CCJC sobre o Projeto de Lei 4.330/2004, clique aqui.


Leia, a seguir, mini entrevista do presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Carlos Alberto Reis de Paula, que considera que o projeto de Sandro Mabel fragiliza os direitos dos trabalhadores:


2-5-2013 – O Globo


'Essa proposta fragiliza a posição do empregado'


Presidente do TST vê necessidade de regulamentação, mas teme fragilização do empregado


Como o senhor vê a questão da terceirização?


Há uma grande lacuna em termos de regulamentação sobre terceirização. Há um caráter maniqueísta ao se discutir essa matéria. O projeto do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) permite que a terceirização aconteça em qualquer atividade.


O que o senhor acha disso?


É um caminho extremamente perigoso terceirizar qualquer atividade. Assim, o contrato de trabalho é substituído por um terceirizado. A proposta esvazia o contrato de trabalho. A proposta também prevê que a empresa que contrata o serviço terá responsabilidade subsidiária (o fornecedor é sempre acionado na Justiça primeiro). Admitir responsabilidade apenas subsidiária limita muito a garantia para o trabalhador. Essa proposta, a meu ver, fragiliza a posição do empregado. A responsabilidade solidária seria o caminho. Estimularia um cuidado maior da contratante ao acompanhar se as obrigações trabalhistas estão sendo cumpridas.


 

Categorias


Versão para impressão




Assine nossa lista de transmissão para receber notícias de interesse da categoria.