Uma morte por queda de uma altura de dez metros na construção civil, em Marília (SP), um braço amputado por uma máquina – centrífuga de plástico -, em Cascavel (PR), e um braço quebrado após ser atingido por um pedaço de madeira numa construção do Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF). Os três acidentes de trabalho foram divulgados no dia 9 de outubro, em jornais locais da referidas cidades.
Três acidentes, três vidas e famílias atingidas pela morte e ferimentos de entes queridos. Quando acontece um acidente de trabalho as consequências são muitas: há uma verdadeira cadeia de acontecimentos familiares, econômicos e sociais envolvidos.
Dados oficiais demonstram que de 2005 a 2010 foram vitimados 3.862.276 trabalhadores, 74.761 ficaram inválidos permanentemente e 16.498 perderam a vida. Os dados referem-se apenas aos casos comunicados à Previdência Social. O número pode ser muito maior por causa dos casos que acontecem no setor informal e não são registrados como acidentes de trabalho.
São números assustadores que deveriam colocar em alerta o Brasil. É uma situação insustentável que fez com que o Sinait usasse o tema Acidente de Trabalho como Campanha Institucional 2012. O Sindicato vem reiteradamente divulgando os acidentes de trabalho que acontecem diuturnamente em todo o país e que constituem objeto de uma luta diária e contínua dos Auditores-Fiscais do Trabalho para chamar a atenção de toda a população brasileira e dos órgãos públicos Federais, Estaduais e Municipais sobre a importância da prevenção para preservar vidas e garantir o direito do trabalhador de laborar em segurança e com dignidade.
O bem comum é um objetivo não apenas dos Auditores-Fiscais do Trabalho, em sua missão de garantir o respeito e o cumprimento da Constituição Brasileira e das leis trabalhistas, mas também de toda a sociedade na construção de uma realidade mais digna e justa.
Abaixo, os acidentes de trabalho citados no texto:
9/10/2012 – Diário de Marília (SP)
Pintor despenca de dez metros e morre no centro
O pintor Rogério da Rocha Brandão, 37, morreu após despencar de uma altura de cerca de dez metros quando limpava os fundos de um prédio no Bassan, região central da cidade, no final da manhã de ontem (8).
De acordo com informações da Polícia Militar, o acidente de trabalho aconteceu na altura do terceiro andar de um pequeno condomínio de apartamentos localizado entre as ruas São Luiz e Doutor Joaquim de Abreu Sampaio Vidal por volta das 11h15.
Rogério estava sentado em uma pequena cadeira, presa por uma corda, e usava uma longa mangueira de água para limpar a parede dos fundos do prédio, no primeiro passo antes da pintura ser realizada. Ele já estava na metade do serviço quando, por motivos ainda desconhecidos, houve o acidente.
Ainda segundo a Polícia Militar, Rogério, que não usava capacete naquele momento, bateu violentamente a cabeça no chão, ficando desacordado. Colegas de trabalho rapidamente acionaram o socorro. Viaturas do Corpo de Bombeiros e do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foram ao local e encontraram o pintor, ainda com a cadeira presa ao corpo, já sem pulsação.
Os socorristas tentaram várias manobras de ressuscitação e, cerca de 15 minutos depois, encaminharam Rogério ao Hospital das Clínicas. Com quadro grave de TCE (traumatismo crânio-encefálico), além de acentuada hemorragia interna, o pintor foi declarado morto logo após dar entrada no pronto-socorro.
O corpo dele seguiu para o IML (Instituto Médico-Legal), onde passou por exame de necropsia, e foi liberado em seguida. Até o fechamento desta edição, não havia confirmação acerca do local do velório nem do sepultamento. Rogério era divorciado e deixa um filho de 15 anos.
Peritos do IC (Instituto de Criminalística) estiveram no local e devem emitir laudo sobre as causas do acidente no prazo de 30 dias. O equipamento usado por Rogério foi apreendido e também será analisado, porém, para o Corpo de Bombeiros, ele era irregular e não oferecia qualquer tipo de segurança.
“Para que você trabalhe com altura é preciso capacitação para que possa executar serviço. Pelo o que vimos inicialmente, ele não tinha capacitação e nem todos os equipamentos necessários. A vítima estava usando uma cadeira tipo para-quedas, mas eu não percebi nenhum mecanismo de trava queda, capacete ou andaime”, avaliou o subtenente Marcelo Mittermayer.
O caso foi registrado no Plantão Policial como acidente de trabalho e é investigado pelo 3º DP.
9/10/2012 – CGN Notícias (PR)
Mulher tem braço amputado em acidente de trabalho em Cascavel
Uma mulher ficou gravemente ferida ao sofrer um acidente de trabalho em uma empresa no Parque Industrial Albino Nicolau Shmidt, às margens da BR-277, em Cascavel, sentido Foz do Iguaçu.
Na tarde desta terça-feira (09), Andressa Cristina de Almeida, 30 anos teve o braço amputado após prender o membro em uma máquina, centrífuga de plástico.
De acordo com informações repassadas no local do acidente, a vítima tentava desentupir a máquina que estava com problema.
Socorristas e o médico do Siate deslocaram ao local e prestaram atendimento à vítima que foi encaminhada ao Hospital Universitário.
9/10/2012 – Terceiro Tempo
Novo acidente em obra do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, deixa um operário ferido
Um novo acidente de trabalho ocorrido na manhã desta terça-feira na obra do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, deixou um operário ferido. O trabalhador, cujo nome não foi revelado, fraturou seu braço após ser atingido por um pedaço de madeira.
De acordo com o Consórcio Brasília 2014, que toca a obra do estádio da capital federal para a Copa do Mundo de 2014, o acidente ocorreu às 7h30. O operário ferido trabalhava no terceiro subsolo do estádio. Um madeirite caiu de uma estrutura acima dele, em cima do seu braço.
O operário foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros. Depois, foi levado para o Hospital de Base do Distrito Federal. Ali, um exame de raio X constatou a fratura em seu braço. No início desta tarde, o operário foi transferido para o Hospital Daher por decisão do consórcio. É possível que ele tenha que passar por uma cirurgia para tratar do ferimento.
Esse é o terceiro acidente na obra do Mané Garrincha registrado em menos de cinco meses. Em junho, um operário que trabalhava no local morreu ao cair de uma altura de 50 metros. Em agosto, outro acidente deixou cinco feridos.
Nesta terça-feira, o governo do Distrito Federal não quis falar sobre o novo acidente. Já o consórcio, formado por Andrade Gutierrez e Via Engenharia, informou que ele não foi grave.
Segundo as construtoras, todas as medidas de segurança estabelecidas em lei são cumpridas na obra do estádio. Cuidados adicionais, mesmo os não-obrigatório, são tomados.
Cerca de 4 mil operários trabalham na obra. O Estádio Nacional Mané Garrincha deve receber jogos da Copa do Mundo e da Copa das Confederações. O governo espera que ele esteja pronto em fevereiro. Atualmente, 76% do projeto já foi concluído.