Riscos à Segurança e Saúde dos trabalhadores da limpeza urbana são uma constante


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
10/10/2012



Trabalhadores responsáveis pela limpeza urbana fazem parte de uma categoria exposta a acidentes laborais diários, principalmente pela falta de equipamentos como luvas e vestimenta adequada na hora de manipular os sacos de lixo. São rotineiras as ocorrências de cortes por objetos como garrafas de vidro e agulhas que podem acarretar danos sérios à saúde. Os garis reclamam de outros problemas como falta de local adequado para alimentação, hidratação e de banheiros.  


Um dos problemas de saúde citados em reportagens divulgadas pela imprensa que podem afetar os garis é a infecção urinária que, se não for tratada, pode provocar cálculo e perda da função renal. A constante exposição ao sol também pode causar o problema, assim como os longos períodos que os trabalhadores ficam sem beber água.

 

Já aqueles que trabalham no recolhimento do lixo quase sempre se machucam por precisarem jogar rapidamente os sacos dentro do caminhão para que o veículo possa seguir. A maioria desses trabalhadores é empregada de empresas terceirizadas que prestam serviços a órgãos públicos responsáveis pela limpeza urbana e têm dificuldades em reivindicar seus direitos. A organização sindical de trabalhadores terceirizados é um dos problemas desta modalidade de contratação em vários segmentos e atividades.

 

De acordo com especialistas, a legislação trabalhista ampara esses trabalhadores com adicional de insalubridade. Eles precisam ter acesso a banheiros químicos ou públicos, condições adequadas de alimentação e uniformes capazes de protegê-los dos riscos que a função traz. Porém, os contratos e convenções coletivas de trabalho são constantemente desrespeitados.

 

Mais informações nas matérias abaixo.

 

3-10-2012 – G1 Rondônia

Agulhas e vidros provocam acidentes com garis em Ariquemes, RO

 

Acontecem em média dois acidentes por mês com coletores de resíduos.

Falta consciência da população, segundo trabalhadores da categoria.

 

Eliete Marques

 

Agulhas descartáveis e cacos de vidros são os principais objetos responsáveis por acidentes com garis em Ariquemes, RO. Segundo Jose Roberto de Oliveira, gerente da Coolpeza, empresa responsável pela coleta de lixo, em média dois funcionários se machucam por mês.

 

Três caminhões e 27 coletores de resíduos atendem a população de 72 mil pessoas, conforme Oliveira. Durante o trabalho, os coletores observam que a maioria da população não faz o descarte correto de objetos, como vidros, lâmpadas quebradas e agulhas. “Falta consciência dos moradores, pois os acidentes poderiam ser evitados se eles descartassem este tipo de lixo corretamente”, enfatiza Oliveira.

 

O gerente conta que os coletores machucam principalmente as pernas, no momento em que pegam as sacolas para jogá-las no caminhão. Foi o caso do coletor Gilberto Ferreira de Jesus, de 21 anos, que trabalha há 10 meses na empresa. Há dois meses ele se machucou com agulhas. “Peguei sacolas de lixo e furei minhas pernas. Tinha oito agulhas numa das sacolas”, conta.

 

Nestas situações, o coletor é encaminhado ao hospital e passa por consulta médica e bateria de exames, o que geralmente resulta em atestados médicos. “O serviço fica sobrecarregado, o que dificulta o trabalho e prejudica a própria população”, ressalta Oliveira.

 

O gerente da empresa recomenda que vidros e agulhas devem ser acondicionados em caixas de papelão, garrafas PETs ou caixas de leite. “Isso evita os acidentes e contribui para o trabalho dos coletores”, afirma.

 

 

3-10-2012 – Administradores.com

Doenças causam o afastamento de 15% dos trabalhadores de limpeza urbana no DF

 

A exposição a sol forte, falta de água potável e acesso a banheiros são alguns dos fatores que tem ocasionado o afastamento desses funcionários

 

O afastamento de trabalhadores de limpeza urbana por doenças e acidentes de trabalho tem se tornado comum no Distrito Federal e em todo o cenário nacional. A exposição a sol forte, falta de água potável e acesso a banheiros são alguns dos fatores que tem ocasionado o afastamento de 10 a 15% do mais de 5 mil funcionários terceirizados que trabalham em limpeza urbana no DF. São varredores, coletores de lixo, motoristas, serventes e fiscais que têm sofrido com torções, problemas de coluna, infecções urinárias, problemas dermatológicos, entre outros.



Apesar da Convenção Coletiva de Trabalho, assinada em maio deste ano, prever o adicional de insalubridade de 20% e 40%, os trabalhadores ainda não conseguiram efetivar a reivindicação e lutam por melhores condições de trabalho. Para Washington Neves, presidente da Fetracom, que representa nacionalmente a categoria, as condições precárias a que esses trabalhadores estão expostos têm sido denunciadas em audiências no Ministério Público. "A situação no DF é pior do que em outros estados porque a terceirização aqui foi pulverizada em várias empresas, o que ocasionou a baixa qualidade do trabalho", alerta.

 

Ele defende que cada local de trabalho deveria ter uma estrutura mínima como banheiro químico e água potável. "Antes dessas empresas prestadoras de serviço iniciarem o contrato, deveriam ser cobradas da estrutura adequada para que os trabalhadores possam ter condições de trabalho. Até mesmo a alimentação é complicada. Muitos chegam a levar suas marmitas nas mochilas e ficam com elas expostas ao sol e calor durante horas até o horário de almoçarem. Os coletores também sofrem com o sumo extraído do acúmulo do lixo, já que as roupas que usam não são adequadas para o líquido tóxico, que mancham os uniformes e causam inclusive doenças de pele e até queimaduras".



De acordo com José Cláudio de Oliveira, presidente do Sindlurb/DF, a maioria dos afastamentos entre os coletores de lixo são problemas de torção no tornozelo, joelho e dores na coluna. "Eles precisam correr para pegar o lixo rápido e acabam se machucando. Já os varredores de rua (garis), o principal motivo do afastamento são infecções urinárias. Eles ficam muito tempo expostos ao sol forte. Apesar de sempre estarem com garrafas de água, quando a mesma acaba não podem enchê-la, e se sentem vontade de ir ao banheiro, precisam conter a vontade", conta José Cláudio.

 

Outras doenças podem ser desencadeadas a partir das infecções urinárias como explica o médico urologista, Dídimo Carvalho. "A falta de ingestão de líquidos ocasiona a infecção de urina. A partir do momento que a pessoa passa a ter infecções com frequência ela pode ter perda da função renal e formação de cálculos", explica.

 

Varredor há 13 anos, Severino Joaquim relata que por conta da diabetes, ele precisa ir ao banheiro com mais frequência. "Depois que a diabetes apareceu, passei a urinar com mais frequência e quando estou na rua isso é mais complicado", conta. Ele explica que quando estão em um ponto fixo – rodoviária e setor comercial – é mais fácil utilizar, já que esses lugares possuem banheiros fixos.

 

Severino conta que já chegou a ficar cinco horas sem beber um copo de água. "Quando estamos fazendo trabalhos como pintura ou capinagem nas ruas, a situação piora. Já cheguei a ficar de 4 a 5 horas sem beber água. Posso levar uma garrafa de água, mas logo ela esquenta e ao invés de fazer bem, faz mal", detalha. O varredor relata ainda outro grande problema, que é o preconceito. "As pessoas nos discriminam porque trabalhamos com lixo. Muitas vezes, quando precisei trabalhar em bairros nobres, já ia preparado para receber não quando pedisse um pouco de água". E completa. "É um preconceito que não consigo entender, sou um ser humano normal", lamenta.

 

Para a advogada trabalhista, Eryka De Negri, as más condições de trabalho desses funcionários ferem o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. "É um completo absurdo que os empregadores e o Poder Público não deem qualquer prioridade para a resolução de situação tão grave". Ela explica que eles têm direito legal ao adicional de insalubridade, além do acesso a uniformes adequados e banheiros químicos e/ou públicos. "O Judiciário Trabalhista, em situações como esta, deve ser acionado de modo a obrigar as empresas e ao Poder Público a fornecerem condições adequadas e humanas para esses trabalhadores".

Categorias


Versão para impressão




Assine nossa lista de transmissão para receber notícias de interesse da categoria.