Acidentes de trabalho acontecem em todo país. Vários fatores são apontados para que aconteçam, dentre eles, a falta de treinamento para o exercício de algumas atividades, extensa jornada e a terceirização que deixa o trabalhador em situação vulnerável. Estas situações são presenciadas por Auditores-Fiscais do Trabalho durante ação fiscal em obras de construção civil, em atividades industriais, no setor elétrico e outras atividades.
A preocupação com a segurança do trabalhador deveria nortear projetos no início de qualquer empreendimento, mas não é o que acontece como regra, e para chamar a atenção da sociedade para este grave quadro, o Sinait denuncia em sua Campanha Institucional 2012 as mais de 700 mil vítimas de acidentes de trabalho registrados por ano, com mais de 2.700 fatais.
São números preocupantes, que por si só, deveriam servir para que o governo federal tomasse a decisão de realizar um grande concurso público para suprir o quadro super defasado de 2.977 Auditores-Fiscais do Trabalho no Brasil, em números atualizados.
Segundo estudo apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, em relatório desenvolvido por Convênio de Cooperação Técnica com o Sinait, o Ministério do Trabalho e Emprego - MTE teria que contratar entre 5.273 e 5.798 novos Auditores-Fiscais do Trabalho nos próximos quatro anos, para conseguir amenizar a carência de profissionais essenciais para o funcionamento do país e, assim, minimizar os riscos de acidentes e adoecimentos nos locais de trabalho.
Veja, a seguir, duas notícias sobre acidentes, uma sobre campanha do setor elétrico pela redução do número de ocorrências e outra, sobre flagrante de negligência que quase resultou em mais uma tragédia.
13-8-2012 – Agência Brasil
Empresas fazem campanha para evitar mortes em redes elétricas
Brasília/DF- O número de mortes causadas por acidentes em redes elétricas teve queda de 3,7% ao ano, nos últimos dez anos. Em 2001, foram 381 pessoas mortas por eletrocutamento. Em 2011, o número caiu para 315. Caso fosse mantida a projeção do início da década, seriam 427 casos - 112 a mais.
Os dados são da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), que promove a partir de hoje (13) a 7ª Semana Nacional da Segurança da População com Energia Elétrica.
De acordo com a associação, as principais causas dos acidentes com energia elétrica estão relacionadas a áreas de construção e manutenção (82 mortes), ligações clandestinas (60) e cabos energizados ligados ao solo (29).
O estado que registrou o maior número de mortes no ano passado foi Minas Gerais (13), seguido por São Paulo (11).
Para o presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite, o maior desafio é a regularização de ligações e a adequação das linhas de transmissão aos padrões, para aumentar a segurança e reduzir as perdas comerciais.
A associação decidiu realizar uma campanha destinada a conscientizar a população sobre o uso de máquinas agrícolas, manuseio de antenas de televisão, utilização na construção civil, em relação a ligações clandestinas e com pipas. Foi lançada cartilha explicativa que será entregue em escolas, canteiros de obras e associações comunitárias.
Segundo o chefe da unidade de queimados do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), Mário Frattini, as vítimas de eletrocutamento correspondem a 10% do total dos casos de internação por queimaduras. São cerca de 25 pessoas entre 250 pacientes por ano. Geralmente, as lesões que atendemos são em pessoas despreparadas, que fazem serviços terceirizados e não têm treinamento", disse.
O médico explica que "essas queimaduras são as mais graves, podem levar à amputação e muitas vezes ocorrerem ao mesmo tempo com politraumatismos, devido a quedas. A corrente elétrica se propaga pelos tecidos, músculos, vasos e nervos e causa queimaduras mais profundas, em órgãos internos, devido à alta temperatura."
O representante da Companhia Energética de Brasília (CEB), Reinaldo Lima Rosa, informou que, em 2012, foram registradas quatro mortes relacionadas à rede elétrica - duas na construção, uma com antenas e outra resultante de ligação clandestina. Em 2011, foram cinco mortes. "A educação é o melhor meio de se melhorar esses índices de acidentes", disse Rosa.
O médico Mário Frattini alertou para a necessidade da vítima receber o correto atendimento após um acidente com rede elétrica. Segundo ele, não se deve prestar socorro sem seguir normas de segurança, daí a necessidade de chamar o Corpo de Bombeiros e a distribuidora de energia.
No caso de acidentes domésticos, deve-se desligar a chave-geral de energia ou afastar a vítima do local por meio de objetos isolantes, como madeira, couro ou borracha. Não se deve usar nenhum tipo de produto sobre a lesão, mas proteger o local com um pano limpo e seguir para o hospital. Caso haja fogo no corpo, o médico orienta que as chamas sejam apagadas com água.
13-8-2012 – G1 DF – DF TV
Operários ficam pendurados no 10º andar de obra no Distrito Federal
Construtora responsável diz que falha em freio do andaime causou acidente.
Homens estavam com cintos de segurança e foram resgatados por colegas.
Um cinegrafista amador flagrou o momento em que dois operários ficaram pendurados no 10º andar de um prédio na CNB 3, em Taguatinga. As imagens mostram que um dos trabalhadores chegou a ficar pendurado na janela de um dos apartamentos. Ele foi resgatado por colegas de trabalho. O segundo operário não aparece nas imagens, mas também foi socorrido pelos colegas.
O Corpo de Bombeiros chegou ao prédio quando os dois homens já haviam sido resgatados.
As imagens mostram que o trabalhador está usando equipamentos de segurança. A construtora responsável pela obra informou que o acidente foi causado por um problema no freio do andaime onde eles estavam trabalhando. Segundo a construtora, o problema no equipamento já foi resolvido.