O Sinait divulga o artigo “Espaços para mulheres ainda muito limitados”, publicado pelo Correio Braziliense, que trata da desigualdade de gênero.
Durante os últimos seis anos, 85% dos países registraram mais igualdade entre gêneros. Mas, em todo o mundo, 15% dos países registraram aumento da desigualdade entre mulheres e homens neste mesmo período. Em termos globais, a participação econômica e política ainda representa as maiores desigualdades.
Os dados são do sexto Relatório Global de Desigualdade entre Gêneros 2011, da organização internacional World Economic Forum, divulgado no dia 1º de novembro.
Segundo o estudo, houve queda dos rankings de igualdade em países como Nova Zelândia, África do Sul, Espanha, Sri Lanka e Reino Unido, com diminuição da desigualdade no Brasil, Etiópia, Qatar, Tanzânia e Turquia.
Países nórdicos como Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia mantêm os primeiros lugares do ranking, reduzindo a desigualdade entre gêneros em mais de 80%. Enquanto que os países que ocupam as últimas colocações ainda precisam reduzir suas desigualdades em até 50%.
Mais informações no artigo abaixo.
Espaços para mulheres ainda muito limitados
Autor(es): » Larissa Leite » Renata Mariz
Correio Braziliense - 02/11/2011
Segundo pesquisa, a desigualdade de gênero cresce na América do Sul e na África. Entre as brasileiras, as maiores restrições ocorrem nos campos político e econômico. Em todo o mundo, 15% dos países registraram aumento da desigualdade entre mulheres e homens nos últimos seis anos, de acordo com o sexto Relatório Global de Desigualdade entre Gêneros 2011, da organização internacional World Economic Forum. Divulgado ontem, o documento mostra que a desigualdade de gênero vem piorando, especialmente entre os países sul-americanos e africanos. O Brasil, apesar de ocupar a 82ª posição no ranking com 135 países (veja quadro), conseguiu se tornar mais igualitário — em relação a 2010, o país subiu três posições. O estudo avalia a diferença entre gêneros nas áreas de participação econômica e oportunidades; de educação; de capacitação política; e de saúde e sobrevivência. O Brasil apresentou avanços em igualdade salarial, mas ainda encontra dificuldades com relação a participações econômica e política das mulheres.
Diretora sênior do Programa de Mulheres Líderes e Paridade de Gênero do World Ecomic Forum e uma das autoras do relatório, Saadia Zahidi defende uma ligação direta entre competitividade econômica e a menor desigualdade. "O mundo está focado em criação de empregos e crescimento econômico e a igualdade de gêneros é a chave para realizar esse potencial e estimular economias", afirmou. No mundo, os países nórdicos apresentam os maiores índices de redução de desigualdade, ultrapassando os 80%. No caso brasileiro, especialistas afirmam reconhecer a redução da desigualdade e apontam a existência dos programas sociais como uma das motivações da mudança. "Os programas de transferência de renda têm trazido para a classe média uma faixa grande de pessoas e de mulheres. Temos quase 30% dos domicílios chefiados por mulheres, que são na maioria pobres ou muito pobres. E elas estão sendo priorizadas na logística dos programas sociais", defende a cientista política e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais, Marlise Matos.
Segundo a especialista, no entanto, a inserção de mulheres no mercado de trabalho não necessariamente representa um passo para a inserção política. "A inserção no mercado da mulher brasileira ainda é feita de forma muito segmentada, ocupando nichos menos valorizados", cita. Baseado em informações de aproximadamente 60 países, o documento cita ainda a maternidade das mulheres latino-americanas como uma das dificuldades para a plena participação na economia e na política. Para Silvia (nome fictício), 17 anos, que engravidou aos 15, a condição de mãe a distanciou da escola por dois anos. "Eu precisava cuidar do filho. Então, tive que ficar afastada, mas já pretendo retornar no ano que vem", diz a garota. Ela deixou o colégio no 5º mês de gestação quando cursava o 1º ano do ensino médio. Como tinha notas boas, os professores disseram que talvez possa retomar do 2º ano. "Ainda vou ver como vai ficar."
RankingPaís Redução da desigualdade entre gêneros
1º Islândia 85,3%
2º Noruega 84%
3º Finlândia 83,8%
4º Suécia 80,4%
5º Irlanda 78,3%
6º Nova Zelândia 78,1%
7º Dinamarca 77,8%
8º Filipinas 76,9%
9º Lesoto 76,7%
10º Suíça 76,3%
11º Alemanha 75,9%
12º Espanha 75,8%
13º Bélgica 75,3%
14º África do Sul 74,8%
15º Holanda 74,7%
16º Reino Unido 74,6%
17º Estados Unidos 74,1%
18º Canadá 74,1%
19º Letônia 74%
20º Cuba 73,9%
82º Brasil 66,8%