Crédito consignado – redução do prazo encarece empréstimos


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
16/03/2011



Servidores e cidadãos em geral que tomam empréstimos em instituições financeiras para desconto em folha de pagamento devem ficar atentos a novas regras. A redução do prazo para pagamento torna os empréstimos mais caros com aumento dos juros. Por essa razão, pessoas que têm o costume de pegar novos empréstimos mesmo antes de quitar o débito atual podem ter prejuízos e ter que recorrer a linhas de crédito com juros mais altos, como o cheque especial e o cartão de crédito, alertam representantes das próprias instituições que concedem os empréstimos.

 

Há regras estabelecidas pelo Ministério do Planejamento para os servidores que desejam tomar empréstimos consignados em folha de pagamento. Há um limite estabelecido para o comprometimento do salário, medida que visa proteger os servidores de endividamentos excessivos.

 

Leia mais sobre as consequências da diminuição do prazo para pagamento de empréstimos:

14/03/2011

Valor Econômico

RESTRIÇÃO A CRÉDITO ATINGE OS "DEPENDENTES" DO CONSIGNADO  

 

CONSIGNADO CURTO DÁ GÁS A LINHA CARA  

Adriana Cotias, de São Paulo

 

O crédito com desconto em folha de pagamento ficou mais curto e caro. A exigência de maior capital aos bancos na realização de operações acima de 36 meses, em dezembro, atingiu os clientes que costumavam se refinanciar no consignado antes de o contrato vencer, tomando mais dinheiro tão logo tivessem espaço liberado na renda. Já apertados para cumprir seus compromissos, esses clientes passaram a recorrer às linhas mais caras do mercado, como o cheque especial e o cartão de crédito, como transpareceu em janeiro nas estatísticas do Banco Central (BC). As concessões de crédito consignado tiveram queda de 19,2% em janeiro em relação a dezembro.

O crédito com desconto em folha de pagamento ficou mais curto e caro e está empurrando tomadores para linhas de maior risco. Com a restrição de capital imposta aos bancos em dezembro para operarem com prazos acima de 36 meses, consumidores que costumavam se refinanciar no consignado antes de o contrato vencer, tomando mais dinheiro tão logo tivessem espaço liberado na renda - a chamada "pedalada" -, agora encontram limites a tal estratégia. O resultado dessa desalavancagem forçada transparece nas estatísticas de crédito do Banco Central (BC) que, em janeiro, identificava aceleração da concessão nas linhas mais caras, como cheque especial e cartão de crédito, em ritmo acima do sazonal.

No Banco do Brasil (BB), que detém a folha de servidores públicos federais, estaduais e municipais, os empréstimos com desconto em folha, que antes eram feitos por até 96 meses, agora se restringem a 36 meses. O Bradesco, que tem oferta por até 60 meses em algumas praças, também tem estimulado o prazo de até 36 meses, mais barato para o tomador. O mineiro Bonsucesso, especializado no consignado, não alterou a política de concessão em 60 meses, mas fez ajustes no "spread" - a diferença entre o custo de captação e a taxa de aplicação dos recursos -, de 6% ao ano para um intervalo entre 9% e 12%.

Só o encurtamento já limita a capacidade de refinanciamento do tomador, explica o diretor de crédito do BB, Walter Malieni. "Progressivamente, o crédito passou a comprometer mais renda do que há dois meses, e o consumidor passa a ter que amortizar mais juros em menos tempo." Conforme exemplifica, o tomador contumaz, que podia emprestar do banco R$ 1 mil por 96 meses, agora dispõe de apenas R$ 400 no consignado em 36 parcelas. O que sobra dessa conta vai rolar com o seu banco de maior relacionamento e nas modalidades mais à mão.

O Bradesco preferiu ajustar o preço a reduzir formalmente o prazo das operações de consignado, mas na hora do fechamento do contrato há a orientação ao cliente de que a contratação em até 36 meses custa menos, diz o diretor de empréstimos e financiamentos da instituição, Octavio de Lazzari Junior.

Para o vice-presidente de risco de crédito do Santander, Oscar Rodriguez Herrero, o maior requerimento de capital no consignado vai inibir justamente o refinanciamento de operações muito longas que a concorrência no segmento acabou instituindo no mercado nos últimos anos. "Pagar um empréstimo e pegar outro depois, em vez de "pedalar", é melhor para o cliente também, isso ajuda na disciplina", diz.

Com sobra de capital por conta da oferta de ações realizada no fim de 2009, quando levantou R$ 14,1 bilhões, a instituição não alterou sua política na modalidade, que chega a 60 meses para beneficiários do INSS.

O aumento do peso das operações de consignado com prazo superior a 36 meses no cálculo do capital dos bancos, que passou de 75% para 150%, não pode ser considerada trivial, merece monitoramento da estrutura de capital das instituições de nicho e vai determinar mudanças importantes no setor, pondera Paulo Henrique Pentagna Guimarães, presidente do Bonsucesso. Com folga patrimonial graças a uma emissão de dívida subordinada de US$ 125 milhões feita no exterior no fim de em outubro, o banco pôde manter o prazo de 60 meses no consignado, carro-chefe das suas operações. Mas além de ajustar os custos na ponta, o banco tomou algumas medidas corretivas.

Reduziu a comissão paga a certos correspondentes bancários e até deixou de atender alguns convênios que, por terem inadimplência elevada ou limitação de taxa, não produziam a rentabilidade desejada. Mesmo assim, a percepção é de que o Bonsucesso conseguiu ganhar mercado no primeiro bimestre, em função do recuo da concorrência. Os desembolsos no período chegaram a R$ 320 milhões, mais do que o dobro do concedido no mesmo período do ano passado.



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