A deputada Mara Gabrilli (PSDB/SP) ficou cerca de duas horas esperando para descer de um avião no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, São Paulo. Da empresa TAM, a aeronave precisou desembarcar os passageiros no modo remoto fora das passarelas de acesso aos portões de embarque.
O incidente se deu porque o aeroporto não dispunha de um equipamento chamado ambulift, uma espécie de carrinho com elevador que desembarca passageiros com dificuldades de locomoção.
Esse episódio serve de alerta sobre o desrespeito que as pessoas com deficiência sofrem no Brasil principalmente em relação è acessibilidade aos locais públicos. A reação da deputada Mara Gabrilli, que assumiu seu mandato com o compromisso de lutar pelos direitos das pessoas com dificuldades de locomoção, diante da situação ocorrida no aeroporto, foi uma denúncia prática desse problema.
Mais informações na matéria do jornal “Folha de São Paulo”.
04/03/2011
Folha de São Paulo
Deputada cadeirante fica presa em avião
Mara Gabrilli se recusou a deixar aeronave sem equipamento adequado
Ela ficou cerca de 2 horas dentro do avião na pista de Cumbica até que a TAM conseguiu um aparelho da Infraero
RACHEL AÑON
DE SÃO PAULO
A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) ficou presa por cerca de duas horas no interior de um avião da empresa TAM, na noite de anteontem. O incidente ocorreu no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP).
Tetraplégica, ela se recusou a sair do avião sem o equipamento adequado para o desembarque de cadeirantes.
Gabrilli estava no voo 356, que chegou de Brasília às 21h23. O avião parou em posição remota, fora das aéreas de fingers -passarelas que ligam os portões de embarque às aeronaves.
Neste caso, o desembarque de passageiros com mobilidade reduzida deve ser feito com o ambulift, espécie de carrinho com elevador.
Segundo a deputada, apenas em terra a TAM lhe informou que os aparelhos da empresa e da Infraero estavam quebrados e que ela seria carregada por um dos comissários para fora da aeronave.
"O aeroporto deve ter os equipamentos necessários para estes casos", disse.
Os comissários da TAM chegaram a acionar a torre de controle para usarem um dos fingers para o desembarque da deputada. Mas o procedimento não foi autorizado.
Uma resolução da Anac (agência que regula a aviação civil no país) obriga as empresas aéreas ou operadores de aeronaves a assegurar o embarque e o desembarque de portadores de deficiência entre os aviões e o terminal com dispositivos adequados.
A deputada disse que chegou a acionar a Anac, mas, segundo ela, a agência não mostrou interesse pelo caso. Por volta das 23h, funcionários da TAM conseguiram um ambulift que estava fora de uso.
Em dezembro, Fernando Porto de Vasconcellos, 71, sofreu um acidente em um ambulift em Congonhas. Desde então, está em coma.
OUTRO LADO
Companhia diz que desembarque foi feito com segurança
DE SÃO PAULO
A companhia área TAM lamentou, por meio de nota, os transtornos causados à deputada federal Mara Gabrilli. Segundo a empresa, a passageira esperou durante 1h05 dentro do avião.
"A passageira desembarcou com segurança e foi acompanhada até o seu carro", disse a empresa, no texto, ressaltando que tem equipe treinada para lidar com essas situações.
A Infraero (administradora do aeroporto e responsável pelo ambulift) informou que não há cintos no equipamento para prender as cadeiras e que elas são travadas. Foi aberta uma sindicância para investigar o acidente, conforme a estatal.
Ontem, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) investigava o problema da falta de ambulifts no aeroporto de Cumbica. Segundo a agência, será aplicada uma multa à empresa TAM por não ter transportado a passageira com segurança. O valor varia de R$ 10 mil a R$ 25 mil.