Dia da Consciência Negra - SINAIT destaca aprofundamento das desigualdades vividas por mulheres negras no mundo do trabalho


Por: Andrea Bochi
19/11/2025



No dia da Consciência Negra, o SINAIT chama a atenção para os dados alarmantes divulgados sobre a inserção das mulheres negras no mercado de trabalho brasileiro. As informações reforçam um cenário histórico de desigualdades estruturais que combinam racismo, sexismo e precarização — fatores que impactam diretamente a vida e a renda dessas trabalhadoras.

Segundo a Pnad Contínua/IBGE, 30% dos lares brasileiros — cerca de 24 milhões — são chefiados por mulheres negras. Mesmo assumindo papel central na sustentação de suas famílias, elas seguem enfrentando maiores barreiras de acesso ao trabalho remunerado. No 2º trimestre de 2025, 23,9 milhões estavam fora da força de trabalho e outras 2 milhões buscavam emprego. A taxa de desocupação das mulheres negras (8,0%) é o dobro da registrada entre homens brancos.

Para o SINAIT, esses números escancaram desigualdades que se refletem também na informalidade e na baixa renda. Quase 40% das mulheres negras trabalhavam sem registro e 49% ganhavam no máximo um salário mínimo. A concentração em atividades do cuidado e do trabalho doméstico — exercidas por uma em cada seis trabalhadoras negras — evidencia como a sociedade ainda delega a elas funções essenciais, porém desvalorizadas.

As diferenças salariais são igualmente expressivas. As mulheres negras recebem, em média, 53% menos que os homens brancos — perda anual de cerca de R$ 30,8 mil. Mesmo entre pessoas com ensino superior, a desigualdade permanece: elas chegam a receber R$ 58 mil a menos ao ano. A baixa presença em cargos de direção reforça a exclusão: apenas uma em cada 46 trabalhadoras negras ocupa funções de chefia, enquanto entre homens brancos a proporção é de um para cada 17.

O SINAIT reforça que enfrentar esse quadro exige políticas públicas robustas de valorização do trabalho, ampliação da proteção social e combate ao racismo e ao sexismo. A ausência de serviços públicos de cuidado, creches, saúde e mobilidade agrava a sobrecarga das mulheres negras, dificultando seu acesso a empregos formais e de melhor qualidade.

Em sintonia com o lema da Marcha Nacional das Mulheres Negras de 2025 — Pelo bem viver, contra o racismo, o sexismo e as desigualdades —, os dados reforçam a urgência de políticas que reconheçam o papel central dessas trabalhadoras e garantam dignidade, proteção social e valorização. Combater o racismo estrutural e o sexismo é indispensável para construir um país verdadeiramente democrático. A Marcha das Mulheres Negras é um movimento histórico de luta contra o racismo e a violência, que reivindica reparação e o bem viver para as mulheres negras no Brasil. A primeira grande mobilização nacional ocorreu em 2015, em Brasília, reunindo mais de 100 mil mulheres. Em 25 de novembro de 2025, uma nova edição será realizada na capital federal, com expectativa de reunir cerca de 1 milhão de participantes.

O SINAIT reafirma seu compromisso com a defesa da igualdade, do trabalho decente e da justiça social, apoiando iniciativas que combatam discriminações e ampliem direitos. Valorizar as mulheres negras é essencial para a construção de um país verdadeiramente justo, democrático e sustentável.

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