O texto também autoriza a entrada de Auditores-Fiscais do Trabalho em domicílios com o consentimento do empregador ou do empregado — sem necessidade de ordem judicial —, quando houver indícios de exploração trabalhista, o que favorece a atuação da fiscalização no enfrentamento ao trabalho doméstico
com informações da Agência Senado
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado aprovou nesta quarta-feira, 15 de outubro, o Projeto de Lei - PL 5760/2023 da Câmara dos Deputados que estabelece medidas de proteção e acolhimento aos trabalhadores resgatados de situação análoga à de escravo. Com parecer favorável do senador Paulo Paim (PT–RS), o texto segue agora para análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O SINAIT atuou na Câmara em reuniões técnicas e com contribuições ao texto para assegurar medidas de acolhimento, proteção social e reinserção das pessoas resgatadas. “Participamos do processo na Câmara, com debates na Secretaria da Mulher e sugestões para o texto, defendendo prioridade no atendimento, acesso à Justiça e apoio psicossocial. A aprovação na CDH do Senado é um passo importante para transformar essa proteção em política pública efetiva. Seguiremos acompanhando no Senado para que o projeto avance na CCJ”, diz o presidente do Sindicato, Bob Machado.
O PL 5760/2023 altera quatro normas legais para incluir ações de prevenção, responsabilização e reinserção social:
De acordo com o parecer, as medidas que poderão ser aplicadas pelo juiz, quando houver indício de violação de direitos, incluem:
O texto também autoriza a entrada de Auditores-Fiscais do Trabalho em domicílios com o consentimento do empregador ou do empregado — sem necessidade de ordem judicial —, quando houver indícios de exploração trabalhista. O objetivo é viabilizar a fiscalização e a responsabilização de empregadores que pratiquem trabalho escravo, especialmente em residências. “A previsão de consentimento para entrada da fiscalização no domicílio, em casos com indícios, é uma grande conquista e fortalece o enfrentamento ao trabalho escravo doméstico”, reforça Bob Machado.
Além disso, o projeto determina prioridade de atendimento às vítimas nos serviços públicos, a articulação com sindicatos para fortalecer o acesso à Justiça e a criação de programas de apoio psicossocial, readaptação e reinserção no mercado de trabalho. O trabalhador doméstico resgatado terá prioridade no Programa Bolsa Família, além do seguro-desemprego.
Para o senador Paulo Paim, a proposta tem caráter reparador e estruturante. Ele destacou que o trabalho doméstico historicamente concentra situações de exploração de mulheres negras e pobres, invisibilizadas social e juridicamente e que o projeto contribui para romper esse ciclo, por meio de medidas concretas de acolhimento, responsabilização e reintegração social.
“Essas inovações reconhecem que a violência contra trabalhadores domésticos, sobretudo trabalhadoras, é frequentemente atravessada por relações de poder marcadas por gênero, classe e raça, exigindo respostas mais firmes e céleres do Estado. Ao trazer essa dimensão de especial proteção, a proposição reforça o entendimento de que a dignidade do trabalho doméstico deve ser assegurada com a mesma intensidade destinada a qualquer outra forma de trabalho, rompendo com a tradição histórica de marginalização dessa atividade.”