Veja o artigo sobre “A urgência da prevenção ao suicídio”, de representante da DS-MG, publicado no jornal “O Tempo”


Por: SINAIT
12/09/2025



Confira abaixo o artigo A urgência da prevenção ao suicídio - Setembro Amarelo no mundo do trabalho, da Auditora Fiscal do Trabalho e integrante da Delegacia Sindical do SINAIT de Minas Gerais, Odete Reis, publicado no jornal “O Tempo”, por ocasião do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, celebrado em 10 de setembro: 

Artigo - A urgência da prevenção ao suicídio

O mês de setembro é marcado pela cor amarela, símbolo de uma campanha que busca jogar luz sobre um tema sensível, mas que precisa ser debatido: a prevenção ao suicídio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que mais de 700 mil pessoas morrem, todos os anos, em decorrência do autoextermínio, enquanto um número 20 vezes maior tenta interromper a própria vida. No Brasil, são cerca de 44 óbitos por dia. Trata-se, portanto, de uma questão de saúde pública que não pode mais ser ignorada.

O suicídio é um fenômeno multicausal, resultado da interação entre fatores individuais, sociais, culturais e ambientais. Nesse contexto, o mundo do trabalho tem um papel de destaque. Ainda que seja fonte de reconhecimento, pertencimento e identidade, o trabalho também pode se tornar um espaço de sofrimento, adoecimento e violência.

O psicanalista francês Christophe Dejours nos lembra que “não há neutralidade do trabalho diante da saúde mental”, pois ele pode ser tanto mediador de autorrealização quanto causador de alienação e doença.

Estudos apontam que de 10% a 12% dos suicídios são relacionados ao trabalho. Não é difícil entender por que: jornadas extenuantes, sobrecarga de demandas, pressões por resultados, insegurança quanto à permanência no emprego e práticas de assédio moral e sexual são fatores frequentemente associados ao comportamento suicida.

Soma-se a isso a realidade de grupos mais vulneráveis, como desempregados, trabalhadores informais, pessoas negras, indígenas, migrantes e população LGBTQIAPN+, que enfrentam condições ainda mais desafiadoras e discriminatórias.

O suicídio, como já definido há décadas, é um “fato social”, atravessado pelas desigualdades e pelas características do modelo de sociedade que escolhemos.

O tema exige uma visão ampla, que vá além das questões individuais. A precarização das relações de trabalho, a falta de políticas públicas de proteção e a ausência de ambientes laborais saudáveis são elementos que precisam ser enfrentados coletivamente.

Outro desafio é a presença dos mitos, estigmas e preconceitos que rondam esse tema. São fatores que dificultam e limitam a abordagem e a prevenção, devendo ser desconstruídos. Como exemplo, o mito de que falar sobre suicídio aumenta os riscos de ocorrência, quando, na verdade, o silêncio é que potencializa o sofrimento e dificulta o acesso à ajuda.

É fundamental quebrar barreiras, tratar o assunto com responsabilidade, ética e sensibilidade e incentivar que trabalhadores e trabalhadoras busquem apoio sem medo de julgamentos.

O Setembro Amarelo nos lembra que a vida deve estar no centro das nossas escolhas – inclusive das escolhas institucionais e políticas. Investir em ambientes de trabalho mais humanos e saudáveis é parte essencial dessa luta. Prevenir o suicídio é também defender a dignidade do trabalho.

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