Mostra chamou a atenção de transeuntes e jovens aprendizes
Por Lourdes Marinho
Edição: Nilza Murari
A atuação dos Auditores-Fiscais que combatem o trabalho escravo chamou a atenção de transeuntes e de jovens aprendizes. Eles estiveram na abertura da exposição fotográfica “Trabalho Escravo – Auditoria-Fiscal do Trabalho em homenagem aos mais de 20 anos do Grupo Especial de Fiscalização Móvel – GEFM”, no Espaço Cultural do Venâncio Shopping, em Brasília - DF, nesta sexta-feira, 26 de janeiro.
Pela primeira vez, a mostra chega a um shopping da Capital Federal, levada pelo Sinait e pela Delegacia Sindical no Distrito Federal – DS/DF. Composta por 32 fotografias do Auditor-Fiscal do Trabalho e fotógrafo Sérgio Carvalho, a mostra estará aberta à visitação de 26 de janeiro a 16 de fevereiro, durante o horário de funcionamento do centro de compras.
As fotos mostram flagrantes de trabalhadores resgatados pelas equipes do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, que fazem a repressão ao trabalho escravo no Brasil.
A estudante de Direito, Maria Luisa Germano, estava passando no local e foi atraída pelas imagens. Ela disse que apesar de já ter algum contato com a realidade do trabalho escravo, ter a oportunidade de visualizar essas fotos é diferente. “As imagens causam impacto, e muitas pessoas estão alheias a esta realidade”, disse. Concluiu que “a situação atual no país não está favorável ao combate deste crime, mas não podemos desistir”, enfatizou.
Um grupo de estudantes do Projeto Jovem Aprendiz do Instituto Brasileiro Pró-Educação e Trabalho – Isbet, ONG que funciona no mesmo prédio do Shopping, aproveitou o intervalo das aulas e participou da abertura do evento.
Levados pela professora Kênia Cláudio, estudantes e mestre tiveram a oportunidade de conversar com o diretor do Sinait, Marco Aurélio Gonsalves, para saber mais sobre a realidade dos trabalhadores resgatados do trabalho escravo e a atuação dos Auditores-Fiscais no combate a este crime. Eles fizeram uma visita à exposição, guiados por Marco Aurélio.
“Ontem nós tivemos aula sobre trabalho escravo e exploração infantil, mas nada se compara ao que vimos aqui. A comunicação visual é mais chocante do que ouvir o professor em sala de aula falar do trabalho escravo. O que a gente vê aqui, realmente leva um susto”, disse a professora, ressaltando que não é uma história que alguém está contando, e sim situações documentadas pelos Auditores-Fiscais do Trabalho nas fiscalizações.
Para a Kênia, não é só atribuição da fiscalização zelar pelo bem-estar do trabalhador. “Temos que ter um governo que tenha a responsabilidade de qualificar a população, para que, ao conseguir se manter, tenha capacidade de dizer não a este tipo de trabalho”. Ela enfatizou que este é um ano de eleição, oportunidade que os estudantes terão para votar e eleger governantes comprometidos com o futuro deles.
Emanuela Soares e Gabriele de Oliveira, alunas do Isbet, ficaram impressionadas com as condições a que trabalhadores são submetidos. “Ontem fizemos um trabalho no curso sobre o tema. É chocante ver a situação desses trabalhadores. Espero que isso acabe logo, porque ainda há muita gente sendo escravizada”, constatou Gabriele de Oliveira.
Na abertura da exposição, a Delegada Sindical do Sinait no DF, Elizabeth Maroja, lembrou que o trabalho escravo extrapolou as fronteiras do campo e invadiu as cidades. “As fotos mostram a situação de trabalhadores escravizados nas áreas rural e urbana. Hoje encontramos muitos trabalhadores escravizados nas oficinas de costura e na construção civil, entre outras áreas”, ressaltou.
Chacina
Marco Aurélio aproveitou a ocasião para falar aos estudantes sobre os percalços da fiscalização. Ele citou a Chacina de Unaí como um dos momentos mais difíceis para a categoria. “O crime que vitimou três colegas Auditores-Fiscais do Trabalho e mais o motorista que conduzia a equipe de fiscalização, aconteceu há 14 anos. Até hoje conseguimos que os executores fossem condenados e presos. Mas os mandantes, apesar de condenados, ainda estão soltos”, informou aos estudantes.
Mostra
A exposição faz parte das atividades do Sinait na Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, promovida pela Comissão Nacional de Erradicação ao Trabalho Escravo – Conatrae. Fica no Espaço cultural do Venâncio Shopping de 26 de janeiro a 16 de fevereiro, no horário de funcionamento do estabelecimento. Além das fotos, os visitantes poderão assistir a um vídeo institucional do Sinait com flagrantes do resgate de trabalhadores em condições de escravidão. O vídeo fica em constante exibição em sala contígua ao salão da exposição de fotos.
A mostra já esteve em vários espaços relevantes do Distrito Federal e do país, como Palácio do Planalto, Ministério do Trabalho, Senado, Tribunal Superior do Trabalho e Tribunais Regionais do Trabalho, além de Assembleias Legislativas de vários Estados.
O diretor Marco Aurélio Gonsalves representou o Sindicato Nacional no evento. Também participaram da abertura da exposição os Auditores-Fiscais do DF, Eveline Barros de Oliveira Machado, Elza Borba de Oliveira, Maria Cândida da Silva Carvalho, Waldir Antônio de Souza e Ubiracy Torres Cuoco Júnior.