SC: Fiscalização interdita dois postos que abastecem aviões no Aeroporto Hercílio Luz


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
16/08/2016



Auditores-Fiscais do Trabalho interditaram dois postos que abastecem os aviões no Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis (SC). A Shell, que teve o posto interditado no dia 8 de agosto, conseguiu liminar favorável e voltou a abastecer. O outro, da Petrobrás, foi fechado na sexta-feira, 12. Em ambos, os Auditores-Fiscais encontraram risco de incêndio e explosão.


"Eles são na verdade uma imensa panela de pressão", diz Lilian Carlota Resende, Auditora-Fiscal do Trabalho. "Aquilo pode explodir, e a gente está falando em combustível altamente inflamável e numa área do lado do aeroporto". Cerca de 10 mil passageiros passam pelo aeroporto, em média, todos os dias. Além de Lilian, participaram da fiscalização os Auditores-Fiscais Thaís Vila, Brunno Dalossi e Rodrigo Banzatto.


O relatório da fiscalização aponta desde a ausência de documentos que certifiquem a realização de manutenção dos sistemas de segurança – havia documentação de padrão de qualidade, que não é a mesma do padrão de segurança –, da calibração de válvulas dos vasos de segurança, até a existência de placas de identificação deterioradas, ilegíveis, ou escritas em inglês – sem que os empregados dominem esta língua, equipamentos sem certificação do governo, como o Inmetro, a exemplo de uma bateria de carro ligada, de forma improvisada, aos sistemas da empresa que, exposta, apresentava o risco de centelhamento.


Os Auditores-Fiscais também encontraram fios fora da proteção do eletroduto. Essa exposição pode desgastar o fio, aumentando o risco de explosão que já é muito grande, segundo a fiscalização. O correto são os fios estarem protegidos dentro de um duto para serem trocados nas manutenções.


O sistema dos vasos de segurança também não tinha documentação de calibração e manutenção de suas válvulas.  “Se as válvulas forem obstruídas, ou se estiverem em locais onde podem ser facilmente fechadas por engano, como detectado nesta fiscalização, podem causar um acidente de consequências desastrosas”, explicou Lilian Carlota.


Uma outra situação é o caso das transmissões de força: eixos e correias - um conjunto de peças que, juntas, transmitem o movimento de um local a outro. Tanto os eixos como as correias devem ser enclausurados, para evitar, por exemplo, casos de acidentes com amputações.


“Há inúmeros casos de pessoas que tiveram apenas uma pontinha de sua roupa presa em um eixo ou correia e foram tragadas de encontro à máquina, com machucados que vão desde amputações de pontas de dedos, membros inteiros e até óbito”, disse Lílian.


No caso da Shell, além das situações técnicas que se repetiram na Petrobrás, a fiscalização identificou, entre outras irregularidades, falta de treinamento dos empregados que realizavam estas tarefas de alto risco de segurança, e até mesmo empregado admitido sem ser submetido a exame médico admissional, e a falta de proteção contra raios e outras descargas atmosféricas equivalentes.


Abastecimento foi mantido


O aeroporto Hercílio Luz não chegou a ficar sem abastecimento. A Shell conseguiu uma liminar na Justiça, restabelecendo o serviço. A empresa voltou a operar no dia 12, sem resolver os problemas apontados no relatório e sem que os Auditores-Fiscais fizessem o levantamento da interdição. Segundo informa Lilian Carlota, a juíza concedeu a liminar sem ouvir a posição da Auditoria-Fiscal. Na ocasião, o posto da Petrobras ainda não estava interditado e não havia o "periculum in mora", que foi utilizado como base da liminar.


Durante a tarde de sexta-feira, a Shell passou a abastecer as aeronaves normalmente. Mas, segundo os Auditores-Fiscais, o risco ainda existe. "Graves acidentes não dão aviso, não mandam notícia. Eles acontecem. E sempre deixam essa sensação: a gente podia ter evitado", diz Lilian.


A Raízen, companhia distribuidora da Shell, informou que já esclareceu todos os apontamentos feitos pelos Auditores-Fiscais do Trabalho e que todos os seus pontos de abastecimento de aeronaves no país seguem rigorosos padrões trabalhistas e operacionais de segurança.


A Petrobras Distribuidora informou que ainda não teve acesso ao termo de interdição, mas disse que não há qualquer risco operacional na instalação, que segue os padrões internacionais de segurança. Disse ainda que vai solicitar mais informações junto ao revendedor.


A Infraero informou que o Aeroporto Hercílio Luz não sofreu impacto nas operações. A fiscalização ainda está em andamento.


Clique aqui para ver matéria do G1 SC.


Clique aqui para ver matéria da RBS TV.


Com informações da SRTE/SC e da RBS TV.

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