Por Nilza Murari
UOL e Repórter Brasil, associados, publicaram reportagem sobre o caso de uma trabalhadora doméstica filipina que foi resgatada por Auditores-Fiscais do Trabalho no Brasil. O caso foi iniciado em abril, com a fuga da mulher do apartamento onde trabalhava – e era mantida em cárcere privado – para uma funcionária de alto escalão do Consulado dos Emirados Árabes Unidos, nas imediações da Av. Paulista. O caso foi enquadrado pela Fiscalização do Trabalho como crime de tráfico de pessoas para fins de trabalho escravo.
A reportagem traz, em riqueza de detalhes, como a patroa tratava a empregada, que foi trazida para o Brasil em agosto de 2019. Logo na chegada, teve seu passaporte retido. Quando ficava sozinha em casa, era vigiada por câmeras. Nos fins de semana, saía com a empregadora para fazer compras em supermercados e lojas. Ela era obrigada a anotar num “caderno de multas” os erros apontados pela patroa e o valor atribuído a cada um deles, o que gerou uma dívida de R$ 1.540,00 em cinco meses.
Christine (nome fictício) resolveu procurar, pela internet, outros filipinos no Brasil. Ela não sabia que havia uma representação das Filipinas no Brasil. Decidiu fugir quando a patroa disse que iria voltar para os Emirados Árabes temporariamente em razão da pandemia da Covid-19 e a deixaria com um amigo. Temendo maus tratos, ela tomou coragem e fugiu. Obteve ajuda do Consulado de seu país e a denúncia foi apresentada.
O complexo caso demandou muito cuidado dos Auditores-Fiscais do Trabalho. Segundo Lívia Ferreira, coordenadora do projeto de combate ao trabalho escravo na Superintendência Regional do Trabalho em São Paulo, “baseados nos depoimentos tomados, nas informações da trabalhadora e nas contradições da empregadora em resposta à fiscalização, concluímos que se trata de um caso de tráfico de pessoas para fins de exploração de trabalho análogo ao escravo".
A equipe de fiscalização conseguiu o pagamento de todas as verbas trabalhistas devidas a Christine. Ela já esta com toda a documentação pronta e deverá voltar às Filipinas no início de agosto. Lá chegando, passará por um período de quarentena em razão da pandemia. Ela tem dois filhos e está feliz por regressar para junto de sua família.
O tráfico de pessoas para a exploração pelo trabalho é uma das vertentes deste que é o terceiro negócio ilegal mais lucrativo do mundo. A maioria das vítimas é de mulheres e crianças, para fins de exploração sexual. Denúncias podem ser apresentadas pelo Disque 100.
Veja aqui a matéria completa, publicada pelo UOL/Repórter Brasil.