Servidores públicos - Ameaça de congelamento de salários, de novo


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
09/02/2010



O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, está defendendo a aprovação do Projeto de Lei do senador Romero Jucá (PMDB/RR), que limita a 2,5% o crescimento da folha de pagamento do serviço público entre 2010 e 2019. O PL já foi aprovado no Senado e agora é a vez de ser apreciado na Câmara dos Deputados, com apoio do líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT/SP).


 


Este lobbie é contrário ao discurso do presidente Lula, que não perde oportunidade para dizer que seu governo tem políticas de valorização dos servidores e que o funcionário público deve ter um bom salário, pois, do contrário, os bons quadros migram para a iniciativa privada.


 


Se o PL for aprovado, na prática, significará a volta do congelamento de salários e a interrupção de uma política que, mesmo insuficiente, repôs parte das perdas impostas pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A partir de 2011, várias categorias, incluindo os Auditores Fiscais do Trabalho, voltarão a colocar em suas pautas de reivindicações as cláusulas econômicas, buscando a total reposição de perdas.


 


O SINAIT e outras entidades estarão trabalhando para que o nefasto PL seja rejeitado na Câmara.


 


Contratação de pessoal


Economistas e políticos reunidos em São Paulo, ontem, segundo reportagem de O Estado de São Paulo, criticaram a política de contratação de pessoal do governo Lula, com a alegação de que o Estado está inchado. Nada mais falso. A realização de concursos públicos é extremamente necessária para repor quadros de órgãos públicos que se esvaziaram ao longo do tempo e foram supridos por trabalhadores terceirizados. Além disso, o governo já detectou que, em curto espaço de tempo haverá um grande número de aposentadorias, pois a média de idade no serviço público é superior a 50 anos.


 


O SINAIT defende os concursos públicos e a contratação de pessoal, elevando o nível de qualificação e em quantidade suficiente para bem prestar serviços ao público, aos cidadãos que pagam seus impostos e merecem ter um atendimento digno e eficiente.


 


Veja matérias de O Estado de São Paulo:


 


9-2-2010 – O Estado de São Paulo


Mantega quer limitar salários


FÁBIO GRANER


 


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, pretende trabalhar para que a Câmara aprove projeto de lei que limita a expansão da folha de pagamento do serviço público federal. Segundo fontes do governo, Mantega considera o projeto importante para dar ao mercado mais um sinal de austeridade fiscal e sustentabilidade das contas públicas.



A proposta, de autoria do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), define que no período de 2010 a 2019 a folha de pagamento não poderá crescer mais que 2,5% por ano em termos reais. O projeto substituiu a ideia original do governo, que era limitar a 1,5% ao ano o crescimento da folha. A proposta de Jucá foi aprovada em dezembro.



A fonte do governo reconhece que a aprovação não será fácil porque 2010 é ano eleitoral e um dos lobbies mais fortes no Congresso é dos servidores públicos, que são base eleitoral do PT. O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), afirmou que a matéria será aprovada após o carnaval. ""Vamos aprovar o projeto, todo mundo quer isso"", disse Vacarezza, que ontem conversou com Mantega sobre o tema. 


 


''Governo Lula desperdiça com contratações''


Marcelo Rehder


 


A política de contratações do governo Lula, que deve aumentar em mais de 100 mil os postos na administração direta até o fim do ano, foi criticada ontem por economistas e políticos em debate sobre reforma fiscal na Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). "O nome desse fenômeno é desperdício", afirmou o economista Paulo Rabello de Castro, presidente da RC Consultores e do Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomércio SP.



Segundo ele, a avaliação que se faz no setor público da necessidade de contratação não reflete as necessidades futuras, mas tão somente a necessidade do presente. "Quando o contratado entra no emprego público, ele tem uma perspectiva de se perpetuar naquela condição. Essa é a fonte do tremendo desperdício e da tendência ao déficit crescente no setor público, que vai gerar mais impostos e uma diminuição dos empregos no setor privado."



O professor Yoshiaki Nakano, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), observou que a folha de salários do governo federal cresce algo como R$ 20 bilhões a cada ano. Ele ressaltou que o funcionário público fica em média 40 anos na folha de pagamentos do governo. Para ele, esse dinheiro deveria ser destinado a investimento para saneamento, para controlar problemas de enchentes ou para melhorar o transporte público, entre outros.



"A escolha que está sendo feito pelo governo é entre pagar funcionários que ficam sentadinhos em suas escrivaninhas em Brasília, gerando serviços na ponta que sabemos que o Estado brasileiro produz, ou investir R$ 20 bilhões por ano e resolver os problemas básicos que a população enfrenta atualmente",
afirmou Nakano.



O economista comentou que a máquina pública já é absurdamente inchada. "Mais do que isso, eu tenho absoluta certeza e aposto que quase todos esses novos funcionários estão indo para a retaguarda, e não para o trabalho efetivo de fiscalização que é necessário",
disse Nakano.



Para o ex-senador pelo DEM de Santa Catarina, Jorge Bornhausen, "este é um gasto que vai deixar marcada a administração do presidente Lula como perdulária e ineficiente".



Na avaliação dele, o impacto na economia é muito grande, porque cria uma herança pesada para o sucessor do atual governo.



"Queremos cortar gastos correntes, e não investimentos em infraestrutura e em serviços básicos como educação e segurança", disse Bornhausen. "Tanto é que as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) andam em passo lento de tartaruga. Esta não é uma boa política, é uma política de curto prazo para satisfazer partidários e não a sociedade brasileira como um todo."

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