No Paquistão, onde está sendo produzida a Brazuca, bola oficial da Copa do Mundo do Brasil, 1.800 trabalhadores que costuram a bola recebem o salário mínimo do país, que foi recentemente reajustado para 10.000 rúpias mensais, o equivalente a cerca de R$ 220. Aqui no Brasil, a bola está sendo vendida a R$ 400.
Para ter uma ideia do custo de vida naquele país, o valor médio do aluguel de apartamentos de um quarto, no centro da cidade, é de R$ 390.
Exploração de trabalhadores não é exclusividade do Paquistão. Também é encontrada aqui no Brasil, em oficinas de costura de São Paulo, onde imigrantes, principalmente latinos, trabalham na produção de roupas para marcas estrangeiras. Recebem de R$ 3 a R$ 5 por peça costurada, que na vitrine da loja vale centenas ou até milhares de reais. Ou na construção civil, em que trabalhadores de outros Estados são atraídos por promessas de bons salários, mas encontram precariedade e degradância.
Os Auditores-Fiscais do Trabalho frequentemente fiscalizam denúncias de exploração e flagram trabalhadores que prestam serviço a empresas terceirizadas e até mesmo quarteirizadas por grandes corporações, submetidos a condições precárias, vivendo no local de trabalho, remunerados por produção, com salários baixíssimos, muitas vezes inferiores ao Salário Mínimo vigente no Brasil.
Leia matéria publicada no jornal Folha de São Paulo.
22-5-2014 – UOL Copa
Nos corredores da Adidas, funcionários brincam que o único país garantido na final da Copa do Mundo é o Paquistão. É ali no subcontinente indiano, na cidade de Sialkot, que está 70% da produção da Brazuca, a bola oficial do Mundial fabricada pela multinacional alemã.
O futebol não é o esporte mais popular no Paquistão, que herdou do colonizador britânico a paixão pelo críquete. Mas o país se tornou o centro da produção mundial de bolas de futebol. Em Sialkot, cerca de 2.000 fábricas produzem anualmente 20 milhões de bolas para as gigantes do setor, como Nike, Adidas e Reebok.
A empresa Forward Sports, a maior da região, ganhou o contrato da Adidas para o Mundial do Brasil, superando fábricas da China que foram responsável por toda a produção da Jabulani, a bola da Copa de 2010.
"Agora que o padrão de vida na China está crescendo, os salários também estão", disse Mohammad Younus Sony, chefe da associação da indústria de esportes do Paquistão, ao site da Bloomberg. "Nós temos um competidor a menos. Temos mais trabalho barato e nossos produtos são bons em preço."
A maioria dos 1.800 trabalhadores que costuram a bola da Copa recebem o salário mínimo no Paquistão, que foi recentemente reajustado para 10.000 rúpias mensais, o equivalente a cerca de R$ 220. O custo médio do aluguel de um apartamento de um quarto no centro da cidade é estimado em 17.500 rúpias (R$ 390). No Brasil, a Brazuca é encontrada nas lojas por até R$ 400.
A Câmara de Comércio de Sialkot admite que os salários pagos são baixos e que vem tentando mudar a situação. Mas os empregadores dizem depender de um aumento no preço do produto no mercado externo para turbinar os salários.