Trabalhadores morrem e ficam feridos em acidentes de trabalho pelo país

Os acidentes ocorreram em vários Estados ao longo da semana passada nos setores elétrico, de transporte de petróleo, refinaria e na construção civil. Trabalhadores morreram e ficaram feridos


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
05/11/2012



Os acidentes ocorreram em vários Estados ao longo da semana passada nos setores elétrico, de transporte de petróleo, refinaria e na construção civil. Trabalhadores morreram e ficaram feridos 


Uma explosão matou o mecânico Zenovaldo José Dias Rosário, 59, e o enteado Edvanildo da Conceição Santos, 26, que trabalhavam na soldagem do tanque da carreta da empresa Transbet, que presta serviços à Petrobras no transporte de petróleo. O acidente ocorreu na manhã da segunda-feira, 29, de outubro na cidade de Carmópolis, distante 45 quilômetros de Aracaju/SE.

 

Profissionais que atuam no ramo afirmam que houve negligência da empresa, proprietária da carreta, pois o veículo tinha que passar a noite sendo lavado com vapor antes de ser levado para a oficina para fazer a soldagem, o que não ocorreu.

 

Em São José dos Campos/SP, um trabalhador de uma empresa terceirizada da Refinaria Henrique Lage (Revap) morreu na quarta-feira, 31 de outubro, devido a complicações de um acidente de trabalho sofrido na última segunda-feira (29) na refinaria. Sérgio Henrique de Faria Bandeira, de 23 anos, trabalhava na empresa Manserv e caiu depois de se desequilibrar ao retirar o mangote utilizado para lavagem de um equipamento na área industrial. Ele sofreu traumatismo craniano.

 

Trabalhadores das empresas terceirizadas da refinaria fizeram um protesto na portaria da Revap na quarta-feira (31). O sindicato da categoria distribuiu panfletos e usou o carro de som para pedir mais atenção com a segurança dos operários dentro da refinaria.

 

Em Fátima do Sul/MT, outro trabalhador de uma empresa terceirizada que presta serviços a Enersul, morreu, na terça-feira, 30 de outubro, em um acidente de trabalho. Ele foi atingido por uma descarga elétrica de 13.800 volts enquanto fazia remoção de rede de energia juntamente com seus colegas, próximo ao Balneário Municipal de Naviraí.

 

No dia 24 de setembro o leiturista Walter Vicente Rodrigues, de 54 anos, também funcionário de uma empresa terceirizada da Enersul, foi morto por dois cães, no sítio Alto Alegre, localizado no distrito de Culturama, em Fátima do Sul. Ele foi atacado enquanto colhia a leitura do medidor de energia.

 

Em Fernandópolis/SP, o mestre de obra Ademilson Alves de Aguiar, 43 anos, morador de Votuporanga, morreu na madrugada de 27 de outubro em um acidente de trabalho perto de Araçatuba. Ele trabalhava na reconstrução de uma ponte, quando foi prensado por um carregamento de ferro. Ele era funcionário de uma construtora de Votuporanga. A Polícia Civil investiga as causas do acidente.

 

Em Manaus, um operário de 23 anos foi atingido por uma descarga elétrica enquanto trabalhava em uma obra no Bairro São José, na Zona Leste. O acidente ocorreu na manhã de quinta-feira, 25 de outubro. O pintor estava em um andaime quando encostou em um dos cabos de alta tensão que passam próximo ao local da obra e caiu. Ele teve queimaduras graves no tórax, abdômen e nos dois braços. O trabalhador passou por cirurgia para remoção de tecido morto e necrosado e seguiu para o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do hospital, onde está internado.

 

Na quarta-feira, 31 de outubro, em Londrina/PR, Anderson de Oliveira, 32 anos, estava executando uma obra em cima de um andaime, quando caiu de uma altura de aproximadamente seis metros, após se desequilibrar. O trabalhador teve ferimentos graves, mas não corre risco de morte.

 

Nos dois acidentes, de Manaus e de Londrina, os trabalhadores não usavam equipamentos de segurança.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Amazonas (Sintracomec - AM), Cícero Custódio, afirmou que o acidente foi resultado da falta de segurança. "É como sempre digo, esses acidentes são sempre causados pela falta de EPIs - Equipamentos de Proteção Individual, do teto de segurança, entre outros. Obras assim não pensam em seus trabalhadores, querem somente construir e entregar no prazo", afirmou.

 

Segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores do Amazonas, neste ano já foram registrados 19 acidentes com vítimas fatais em áreas de construções no Estado, sendo seis por choque elétrico. Cícero Custódio informou ainda que a obra será fiscalizada.

 

Estatísticas

Dados estatísticos da Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT revelam que 5% de todos os óbitos que ocorrem em ambientes de trabalho estão relacionados a problemas com eletricidade. Em média, ocorre uma morte de trabalhador por dia devido a riscos relacionados à eletricidade. O mesmo acontece na construção civil.

 

De acordo com o MTE, as fiscalizações em canteiros de obras aumentaram de 25.706 em 2001 para 31.828 em 2011 e a construção civil tem sido a prioridade para os cerca de mil Auditores-Fiscais que realizam ações de segurança no trabalho no país. Este ano, de janeiro a setembro, já foram realizadas 110.176 ações fiscais e houve 3.713 embargos/interdições de obras ou equipamentos em situações que colocavam em risco a vida dos trabalhadores. Na indústria da construção civil foram 23.719 fiscalizações em todo o país.

 

O Anuário Estatístico da Previdência Social – AEPS divulgado em outubro, revela o crescimento de acidentes e de mortes em consequência deles. Em 2011 foram registrados 711.164 acidentes de trabalho, com 2.884 mortes. Números com os quais ninguém quer conviver, porém, que são fruto de uma realidade de descaso, de falta de políticas públicas suficientes e de fragilidade do sistema de fiscalização.

 

Auditores-Fiscais do Trabalho se preocupam com o quadro e procuram dar sua contribuição para além da fiscalização rotineira, na tentativa de orientar e implantar uma cultura de prevenção. A participação em palestras e seminários em que compartilham o conhecimento e a experiência é um exemplo. Nesta segunda-feira, 5 de novembro, o Auditor-Fiscal do Trabalho Antenor Varolla participou do I Seminário Regional do Setor Energético Sobre Saúde do Trabalhador, em Piracicaba/SP. Ele apresentou os principais aspectos da NR-10 para um modelo de gestão eficaz do risco elétrico e demais riscos residuais, bem como tópicos importantes da nova NR-20 – sobre Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis. O objetivo é promover um modelo de gestão eficaz dos fatores de risco de acidentes relacionados às atividades de extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis.

 

Participações como essa acontecem em todo o Brasil, são importantes, porém, não resolvem o problema. A presença da fiscalização nos ambientes de trabalho é imprescindível. O Sinait reivindica o aumento do número de Auditores-Fiscais do Trabalho para atuar na prevenção e no combate aos acidentes de trabalho, assim como a outros setores da Fiscalização do Trabalho, pois há carência em todos eles. Atualmente são aproximadamente 2.900 em atividade quando o ideal seria mais de 8 mil, conforme estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea em cooperação técnica com o Sinait e que teve entre suas variáveis a fiscalização e análise de acidentes de trabalho.

 

Clique aqui para conhecer os dados do AEPS - http://www.mpas.gov.br/arquivos/office/1_121023-162855-536.pdf

 

Assessoria de Imprensa do Sinait com informações do Portal Infonet (SE), G1 Vale do Paraíba e Região (SP), do G1 Amazonas, Fatimanews e de O Diário.com (PR).

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