Os problemas encontrados no corte da cana-de-açúcar no Piauí e na produção de dendê no Pará afetam os trabalhadores do Norte e Nordeste. Esses são temas centrais das matérias do Mapa Social, da ONG Repórter Brasil, sobre as duas Regiões. A série de reportagens aborda as jornadas excessivas e falta de condições de trabalho vividas pelos agricultores e cortadores de cana.
O Pará é o maior produtor de dendê do país e o plantio está ligado à agricultura familiar. Porém, alguns agricultores estão enfrentando dificuldades financeiras porque precisam pagar os empréstimos que contraíram para estruturar a plantação. Por conta disso, acabam trabalhando em jornadas excessivas para obter retorno financeiro que, quase sempre, mal dá para sustentar a família. Toda a produção é vendida para empresas do ramo instaladas no Estado.
O trabalho dos agricultores é desgastante e realizado sob forte calor – característico do clima amazônico. É necessário plantar as mudas e podar as palmeiras. A colheita só ocorre quatro anos depois para então cortarem os cachos, que chegam a pesar de 15 a 60 quilos, e transportá-los. Como os cachos e folhas são cobertos de espinhos, há vários riscos de acidentes. Para piorar, em plantações de empresas, os Auditores-Fiscais do Trabalho têm verificado casos de falhas no uso de Equipamento de Proteção Individual – EPIs que poderiam prevenir eventuais acidentes.
Segundo as reportagens, para ter êxito na dedeicultura, os agricultores enfrentam também outros riscos como o uso de agrotóxicos que não só degradam o meio ambiente, como são prejudiciais à saúde. Eles também sentem falta de um melhor assessoramento técnico, principalmente porque o governo do Estado apoia as empresas compradoras e o modelo de produção.
Já no corte-da-cana, no Nordeste, a situação é um pouco diferente. Quase não há canaviais onde a base da produção seja a agricultura familiar, principalmente por causa da concentração de terras. O Mapa Social mostrou o caso dos trabalhadores do Piauí. Uma grande parte deles recebe o pagamento pela quantidade de cana cortada.
Com a agricultura familiar enfraquecida, resta aos moradores das comunidades de União (PI) a busca por oportunidades de emprego no setor sucroalcooleiro, inclusive fora do Estado. Quem mantém pequena área agrícola passa por dificuldades para manter trabalhadores na roça. Além disso, o assédio de uma das empresas instaladas no município, por exemplo, já começa com os alunos das escolas da zona rural.
Assim como na produção do dendê, o trabalho dos cortadores de cana também é desgastante e arriscado. A Auditoria-Fiscal do Trabalho constata regularmente casos de trabalho análogo à escravidão nos canaviais e usinas em várias partes do país.
Problemas regionais
O Mapa Social é uma série de reportagens da ONG Repórter Brasil sobre todas as Regiões do país, sob a ótica de locais com incidência de problemas como o desenvolvimento desenfreado, falta de respeito ao meio ambiente e exploração da mão de obra. A atuação da Auditoria-Fiscal do Trabalho ganha destaque em várias matérias por constatar o desrespeito à legislação trabalhista e aos direitos humanos por causa do trabalho análogo à escravidão.
Para acessar o site do Mapa Social na íntegra clique aqui.
Clique nos links abaixo e confira as matérias sobre as regiões Norte e Nordeste.
Norte
Nordeste