A ONG Repórter Brasil publicou em seu site o Mapa Social, uma série de reportagens sobre todas as Regiões do país, sob a ótica de locais com incidência de problemas como o desenvolvimento desenfreado, falta de respeito ao meio ambiente e exploração da mão de obra. A atuação da Auditoria-Fiscal do Trabalho ganha destaque em várias matérias por constatar o desrespeito à legislação trabalhista e dos direitos humanos por causa da constatação do trabalho análogo à escravidão.
Além dos textos, o Mapa Social também disponibiliza vídeos e fotos. Toda a apuração dos jornalistas foi feita in loco e foram acrescidas de infográficos e estatísticas. As matérias trazem a repercussão dos temas com empregadores, instituições e Poder Público. Segundo a Repórter Brasil, essa é a primeira edição de muitas que serão produzidas.
As matérias sobre a Região Norte abordam as dificuldades dos agricultores do Pará que atuam no plantio e colheita do Dendê, matéria-prima do biodiesel e outros produtos, como cosméticos. Os pequenos proprietários das terras, onde a palmeira é plantada, cumprem jornadas excessivas para aumentar a produção e pagar financiamentos bancários. As empresas pagam às famílias de agricultores pelo fornecimento do dendê, mas como o dinheiro nem sempre é suficiente para o sustento, há muita frustração em relação ao setor. A principal infração encontrada pelos Auditores-Fiscais do Trabalho é a falha no uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI.
Sobre o Nordeste, as matérias tratam do plantio e corte da cana-de-açúcar no Piauí. Grande parte dos trabalhadores sai da terra natal para buscar melhores condições de renda no setor sucroalcooleiro em outros Estados ou em localidades próximas onde a família reside. As condições de trabalho quase sempre são desfavoráveis, há cortadores que recebem o pagamento por produção, além dos casos de submissão às condições análogas à de escravos e de danos ao meio ambiente.
As contradições do agronegócio no Mato Grosso são o tema central das reportagens sobre a região Centro-Oeste. As matérias destacam os casos de trabalho análogo à escravidão encontrados pelo Grupo Móvel – o Estado é o segundo em número de resgatados, perde apenas para o Pará –, que estão ligados aos danos ambientais, problemas fundiários e desrespeito às reservas indígenas. Outro destaque vai para os líderes representativos de trabalhadores ou agricultores que foram assassinados.
No Sudeste, a equipe da Repórter Brasil acompanhou a atuação dos Auditores-Fiscais do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP) no setor da Construção Civil. Várias irregularidades foram encontradas como falta de segurança, falhas no uso dos Equipamentos de Proteção Individual – EPI e condições degradantes de alojamento. As matérias também abordam os problemas da terceirização e a carência de treinamento dos trabalhadores do setor. O caso do empresário que foi preso em Campinas por descumprir interdições de uma obra feitas pela Auditoria-Fiscal do Trabalho e o resgate de trabalhadores da escravidão na mesma cidade também foram temas das reportagens.
O trabalho escravo também foi tema central das matérias dedicadas ao Sul do país. Apesar de ser uma região menos conflituosa socialmente do que o Norte-Nordeste, a Auditoria-Fiscal do Trabalho tem flagrado vários casos em áreas rurais. Uma das reportagens conta a história de pai e filho que foram libertados da escravidão na divisa entre os estados de Santa Catarina e Paraná, onde atuavam na cadeia de produção da erva mate. A exposição dos trabalhadores às baixas temperaturas são algumas das peculiaridades dos casos de trabalho escravo na região.
Ao longo desta semana o Sinait vai destacar as Regiões do país, ressaltando, principalmente, aspectos que envolvem a Fiscalização do Trabalho.
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