28º ENAFIT – Os caminhos da LOF


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
11/11/2010



O painel “Lei Orgânica do Fisco – um projeto em discussão” foi apresentado na tarde de quarta-feira, 10, no 28º ENAFIT. Rosângela Rassy, Rosa Jorge, Fernanda di Cavalcanti, Marcelo Campos e Danilo Piva, integrantes do Grupo de Trabalho – GT constituído no Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, participaram ao lado de Antônio Augusto de Queiroz (Toninho), jornalista e diretor do Diap – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, para comentar sobre o processo de construção do anteprojeto aprovado pela categoria e sobre o longo caminho que ainda terá que percorrer.

 

Rosângela, presidente do SINAIT, e Rosa, ex-presidente, fizeram uma retrospectiva do processo de negociação e entendimentos com o governo, parlamentares e Sindifisco Nacional que resultaram na inclusão do artigo 50 da Lei 11.457/2007, que criou a Receita Federal do Brasil. Posteriormente, reuniões acertaram princípios comuns entre as duas carreiras para harmonizar os pré-projetos apresentados. Os anteprojetos da Auditoria Fiscal do Trabalho e da Auditoria Fiscal da Receita Federal do Brasil, com conhecimento e participação do MTE e do Ministério da Fazenda, têm parte do texto praticamente igual e diferenciam-se nas especificidades de cada carreira.

 

Para o SINAIT e para Toninho, não há dúvidas quanto à LOF ser uma única lei que contemple as peculiaridades de cada carreira. É praticamente nula a possibilidade de acontecer uma separação. Já Marcelo Campos foi mais cauteloso e disse que até que a proposta seja enviada ao Congresso Nacional não há dúvidas, porém, no Parlamento pode acontecer de tudo. Mas, mesmo que haja disputas ou divergências, a tramitação não ficaria inviabilizada, segundo Toninho.

 

Atualmente, a fase é de conclusão do anteprojeto no GT, que analisa as emendas apresentadas pelos AFTs na Assembleia Geral Extraordinária – AGE. Foram cerca de 120 emendas, das quais nem todas trataram de assuntos que poderão ser incluídos na LOF. Muitas tratam dos mesmos temas, sinalizando que a categoria sabe bem o que quer da LOF.

 

Quando esta fase for concluída, o texto será entregue ao ministro Carlos Lupi e passará pela Consultoria Jurídica. A partir daí poderá haver cortes. Danilo Piva, da Coordenação-Geral de Recursos Humanos do MTE, avalia que no capítulo de direitos e deveres dos AFTs, há inconstitucionalidades e que elas serão enquadradas na legislação.

 

No Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MP se encontrarão as propostas dos AFTs e dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, e o texto será unificado e enviado à Casa Civil. Na opinião de Toninho, não haverá muitas modificações no MP e na Casa Civil, pois os textos têm o aval dos ministérios do Trabalho e da Fazenda. Serão observadas questões de constitucionalidade e técnica legislativa, até que seja enviado ao Congresso Nacional.

 

O perfil da próxima legislatura é governista. A presidente eleita Dilma Roussef terá maioria nas duas casas – Câmara e Senado – e a tramitação seguirá o ritmo o rumo que o governo determinar. Portanto, as entidades sindicais e categorias deverão trabalhar muito, estar mobilizadas, para as próximas etapas. Em cada uma delas poderão ser agregados ou suprimidos aspectos de interesse dos servidores. Marcelo Campos observou que o governo não cumpriu a determinação da Lei 11.457 de enviar a LOF ao Congresso no prazo de um ano e está sendo levado a isso por imposição das entidades sindicais, que pressionaram, em primeiro lugar as pastas de origem. Toninho lembra também que o governo, em geral, resiste à adoção de leis orgânicas, pois elas criam gastos e dão autonomia orçamentária e funcional às carreiras. Em resumo, a LOF é estratégica para as carreiras, não para o governo, o que também foi destacado por Rosa Jorge.

 

Rosângela salientou que se o texto aprovado pela categoria ainda não contempla tudo o que seria ideal, isso não significa que não poderá ser modificado mais adiante. No processo de negociação vários interesses afloram e é preciso ceder em algum momento, para retomar a reivindicação à frente.

 

Nos debates os AFTs apresentaram dúvidas em relação a alguns pontos do anteprojeto que foram discutidos ou esclarecidos. A questão da especialização dentro da carreira única surgiu mais uma vez como necessidade, destacada não somente pelos AFTs como também pelo diretor do Diap, pois o quadro atual aponta para um futuro próximo a falta de médicos do trabalho e engenheiros de segurança, o que pode fragilizar a carreira e levar a competência para outro órgão. A reposição dos quadros, para Toninho, é urgente. Numa atitude de reconhecimento, ele disse que a Auditoria Fiscal do Trabalho deveria ser muito bem cuidada pelo governo, pois além da dimensão arrecadadora há o aspecto social da fiscalização, muito bem aceito pela sociedade. Deixar a área de segurança e saúde fragilizada significa deixar de prestar um serviço essencial à sociedade, disse o técnico do Diap.

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