Segurança no Trabalho – Refinarias e plataformas da Petrobras oferecem perigo


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
23/08/2010



As denúncias de situações de insegurança e equipamentos em mau estado de conservação continuam sendo apresentadas pelos sindicatos dos petroleiros. Na sexta-feira houve uma explosão em duto de exaustão para chaminé de caldeira na Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, durante manutenção do equipamento. Não houve feridos, porém, o acidente foi considerado grave e soma-se aos problemas que a Petrobras vem enfrentando na área de segurança do trabalho em várias plataformas da Bacia de Campos. Nesta semana estão previstas reuniões e novas inspeções nas plataformas, com participação de Auditores Fiscais do Trabalho.

O AFT Franklim Rabelo Araújo (CE), vice-presidente adjunto de Administração do SINAIT, informa que também no Ceará as nove plataformas do município de Paracuru e 14 empresas terceirizadas estão sendo notificadas para que se adequem às exigências da Norma Regulamentadora – NR 30 – AnexoII, que trata especificamente deste ambiente de trabalho. Franklim faz parte do grupo de AFTs que se especializaram nas fiscalizações de trabalho portuário e aquaviário.

Veja duas notícias sobre o acidente no Paraná e mais irregularidades nas plataformas, segundo apuração do Sindipetro-Norte Fluminense.

 

21-8-2010 – Sindipetro-NF

Explosão na Repar alerta para a segurança nos procedimentos de manutenção

Um acidente grave assustou os trabalhadores da Refinaria Presidente Getúlio Vargas [Repar], na manhã desta sexta-feira [20]. Por volta das 09h30 ocorreu uma explosão em um duto de exaustão para a chaminé da Caldeira de CO [Unidade 2200 – GV 2201]. Quando em funcionamento, o equipamento realiza a queima de gás do processo de craqueamento catalítico. Felizmente não houve vítimas e feridos. 

A unidade estava em fase de testes de intertravamento [pré-partida] após a parada para manutenção. Dirigentes do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina se deslocaram ao local para averiguar os fatos. Explosões desta natureza acontecem com a combinação de gases combustíveis, calor e oxigênio. Resta saber qual combustível e a sua origem. O barulho da explosão foi tão forte que também assustou a comunidade do entorno do parque industrial.  

Toda a Refinaria está parada para manutenção e interligação com as novas unidades, já que passa por obras de expansão de sua capacidade de produção. A manutenção e a ampliação da Repar envolve cerca de 24 mil trabalhadores. Destes, cinco mil estão envolvidos com a parada de manutenção das atuais unidades. 

O acidente ocorreu em um momento crítico, pois é justamente durante as paradas e partidas que os riscos se ampliam. Logo, estes momentos exigem a atenção redobrada de todos. O Sindipetro Paraná e Santa Catarina espera que os gestores da Refinaria sejam mais cautelosos com relação à cobrança de prazos para a retomada das atividades, ampliando os cuidados com relação à segurança das pessoas e equipamentos, com análise criteriosa dos riscos. 

O Sindicato lamenta o ocorrido, ao mesmo tempo em que cobra a participação na investigação das causas do acidente e análise das medidas imediatas adotadas após o sinistro, desde os primeiros atendimentos até a operação de evacuar a área. “É fundamental que tudo isso seja elucidado e sirva, no mínimo, de aprendizado”, diz o presidente do Sindipetro, Silvaney Bernardi. 

Acidente semelhante a este da Repar ocorreu recentemente na Refinaria Landulpho Alves (RLAM), localizada no município de São Francisco do Conde, na Bahia. “É preciso compreender se há correlação entre estes eventos, já que diz respeito a equipamentos similar e que passam pelo mesmo tipo de modificação tecnológica”, aponta Bernardi. 

O fato é que não foi só um susto e muito mais que um alerta. Foi um grave acidente r é preciso interpretá-lo com idoneidade e isenção. “Os trabalhadores não podem ficar à mercê da sorte”, conclui Bernardi

 

20-8-2010 – Sindipetro-NF – Boletim Nascente

Segurança corroída

Novas imagens obtidas pelo Sindipetro-NF mostram a situação crítica de outra plataforma na Bacia de Campos, a PVM-1, que enfrenta problemas semelhantes aos de unidades como a P-33 e a P-31, que se tornaram públicos após denúncias do sindicato

 

As fotos que ilustram a capa desta edição do Nascente são mais evidências de que é caótica a situação de insegurança na Bacia de Campos. Desta vez, o sindicato teve acesso a imagens da plataforma PVM-1, que convive com problemas semelhantes aos que já causaram a interdição na P-33 e que sustenta pedido do sindicato para que seja interditada a P-31.

Em Vermelho, uma bomba de incêndio está vazando óleo pelo retentor e uma ação desastrada de um “especialista” provocou o derramamento de grande quantidade de óleo no piso. Trabalhadores denunciam ainda que são degradantes as condições de higiene nos banheiros e camarotes da unidade.

Ainda em PVM-1, como mostram as imagens desta edição, há grande corrosão em várias linhas de incêndio e em outros equipamentos, como quadros elétricos e válvulas. Há ainda falta de um alm oxarifado para manter acessíveis equipamentos de proteção individual.

P-33 e P-31

Na terça, 17, o  Sindipetro-NF se reuniu com o procurador do trabalho, em Cabo Frio, para discutir as denúncias da entidade que levaram à interdição da P-33. Além de tudo o que já foi publicado sobre a unidade, o sindicato foi informado ontem de que a tubulação de água salgada do porão da praça de máquinas está deteriorada e há grave risco de inundação. A unidade continua fora de operação.

Para a P-31, o sindicato mantém o pedido de interdição. Na segunda, 23, reunião entre sindicato, Petrobrás e DRT acontece em Macaé para discutir a situação da plataforma. Na terça, 24, diretores do NF embarcam na P-31 junto com a DRT.

Problemas na maioria

Em toda a Bacia de Campos, o Sindipetro-NF tem informações dos trabalhadores de que há sérias pendências de segurança em pelo menos 30 plataformas. No quadro ao lado há um resumo com apenas alguns dos muitos problemas informados por petroleiros ao sindicato. 

Alguns exemplos da insegurança

PCH-2

 - Risco de retorno de gás pelas linhas de combate a incêndio através de interligação nas desaeradoras. 

- Linhas de incêndio furadas há mais de três anos.

- Vazamento de gás em válvula de quatro polegadas do sistema de injeção de gás lift.

- Resistência do regenerador de glicol não condizente com a área classificada.

P-48

- Válvula com acesso difícil e risco de acidente para manuseio.

- Dois módulos (04B e 02B) e área do Riser escuro à noite, facilitando acidentes.

- Todas as válvulas dos lançadores e recebedores de pig´s com passagem internamente e para o exterior.

PCP-2

- Guindastes sem informação de peso e raio. 

- Linhas de incêndio com juntas sobrepostas e pontos de corrosão acentuada.

- Defeito no sistema de bombeamento do caisson.

P-26

- Sistema de drenagem da torre de glicol manual com risco de vazamento de gás e rompimento de linha com 170 kgf/cm2 de pressão.

- SDV-01 travada aberta podendo causar passagem de gás combustível e risco de explosão e incêndio.

- Tanque de água de resfriamento com passagem de gás e estufamento das paredes.

P-53

- Limitação de pouso no heliponto devido ao módulo N-03 cortando o fluxo de vento e causando falha na sustentação das aeronaves.

- Um guindaste inoperante e outro funciona frequentemente com o alarme de sobrecarga by-passado.

- Válvula do sistema de gás lift do poço MLL-42 vazando gás.

- Vazamento de gás pelo dreno do vaso V-541501 com conhecimento da coordenação, e com os sensores de fogo da área by-passados.

P-10

- Defeito no freio do guincho de perfuração causa risco de acidente e insegurança na operação.

- Torre de perfuração em péssimo estado caindo pedaços (lascas, parafusos, porcas e etc..).

- Tubulações do fluido de perfuração de alta pressão (4600 psi) com diversos reparos com soldagem de “bacalhau” causando risco de acidente aos trabalhadores.

- Teto de camarotes com goteira, banheiros com esgoto entupido, cozinha com piso escorregadio.

P-20

- A sala das bombas de captação está com vazamento intenso. Foi colocada uma bomba para drenar esta água que funciona quase de modo ininterrupto. Há risco iminente de alagamento e o comprometimento da embarcação. 

- O sistema do anel de incêndio está comprometido do lado da proa. As linhas, os flanges e os estojos (parafusos) estão corroídos. 


- Sistema de splink da Zona 310 (popa) não está operando onde tem poços de produção e linhas de injeção. 

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