Exposição permanente “Retrato Escravo” é inaugurada no Memorial do Trabalhador, em Salvador


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
31/05/2019



Por Cilene Brito, da Delegacia Sindical do SINAIT na Bahia


Edição: Nilza Murari


Auditores-Fiscais do Trabalho, procuradores e autoridades participaram da inauguração da exposição permanente “Retrato Escravo”, dos fotógrafos Sérgio Carvalho e João Ripper, no Memorial do Trabalhador, instalado na sede do Ministério Público do Trabalho da Bahia – MPT/BA, nesta quinta-feira, 30 de maio.  A mostra traz uma reflexão das faces cruéis da escravidão moderna, por meio de registros fotográficos feitos durante viagens por diversos cantos do País em ações fiscais de combate ao trabalho escravo.


A ideia da exposição surgiu a partir da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho – SIT e foi executada pela Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo – Conatrae. Contou com a articulação e o apoio de entidades e órgãos como o MPT, que cedeu o espaço de sua sede para a exposição, o SINAIT e a Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo – Coetrae/BA. Com a inauguração do espaço, os órgãos envolvidos com o combate ao trabalho escravo contemporâneo buscam relembrar à sociedade que anos depois da abolição da escravidão no Brasil, ainda há inúmeros casos de exploração de seres humanos a serem combatidos.


Na abertura da solenidade, o procurador-Geral do Trabalho na Bahia, Luis Carneiro Filho, destacou que o objetivo da mostra é informar a sociedade sobre o trabalho escravo por meio da arte. “É uma honra receber estas obras que retratam uma dura realidade que faz parte do nosso contexto social. Nos últimos 20 anos, mais de 50 mil pessoas foram resgatadas num trabalho coletivo de uma rede de proteção que visa dar dignidade ao trabalhador”, afirmou.


Para o coordenador da Conatrae, o Auditor-Fiscal do Trabalho Dante Cassiano Viana, a exposição é importante para que a população desmistifique e compreenda o conceito de escravidão contemporânea, que ainda é muito associado à escravidão clássica. “As pessoas ainda pensam em grilhões e prisões, mas as ferramentas que se utilizam hoje para escravizar as pessoas são muito mais sutis. Tem a ver com a exploração de estrutura econômica, com prisões psicológicas e as ameaças são subliminares. Quando você consegue chamar atenção e sensibilizar, através do olhar do artista, as pessoas vão entender que a escravidão não é uma coisa natural”, pontuou.


Em sua fala, o presidente da Delegacia Sindical do SINAIT na Bahia – DS/BA, Roberto Miguel, reforçou a importância da realização de um trabalho permanente e articulado entre vários setores da sociedade para a criação de mecanismo de prevenção e proteção, que evitem a inserção e a reincidência dos trabalhadores em situações de trabalhos degradantes e de exploração.  “O trabalho escravo é uma chaga que envergonha muita gente, mas é, também, uma fonte de renda para muitos empresários. O trabalho escravo não pode ser resumido à fiscalização. Outras medidas precisam ser adotadas, como o trabalho de qualificação, formalização e capacitação que possam gerar oportunidades de trabalho para estas pessoas no pós-resgate, para que o problema seja, aos poucos, debelado. Porque, em muitos casos, encontramos a mesma pessoa em situações diferentes de exploração”, afirmou. 


O fortalecimento da Auditoria-Fiscal do Trabalho para as ações de combate ao trabalho escravo no país foi reforçado pelo subsecretário de Inspeção do Trabalho, Celson Amorim. Para ele, a inauguração da exposição consolida as parcerias dos órgãos e entidades envolvidos no combate ao trabalho escravo no País.  “Desde que esta parceria foi firmada, ela só vem crescendo e se fortalecendo. Nestes últimos anos, inúmeras operações foram realizadas e houve o aperfeiçoamento dos grupos móveis de fiscalização. Estaremos sempre à disposição da Auditoria-Fiscal do Trabalho para tudo que for preciso para fortalecer a luta contra o trabalho escravo”.


Fotografias


A exposição “Retrato escravo” foi inspirada no livro homônimo, lançado pelos fotógrafos Sérgio Carvalho e João Ripper, através da Organização Internacional do Trabalho – OIT, em 2010. Para esta exposição, com 31 imagens, foi feita a releitura dos arquivos e incorporadas fotografias coloridas. As fotos foram captadas em todas as regiões do País.


“Apesar da dificuldade e da dureza do tema, é algo que me orgulha muito, por passar essa sensibilidade e provocar a conscientização da sociedade para enfrentar este problema”, afirmou o fotógrafo e Auditor-Fiscal do Trabalho Sérgio Carvalho. Para ele, a fotografia continua sendo um instrumento fundamental para a transformação social. Por isso, ele defende que exposições com esta temática ocupem, cada vez mais, espaços públicos. “É fundamental que a gente ocupe os espaços públicos, mas é fundamental também que a gente ocupe as ruas, as estações de trem, para que o cidadão comum, no trajeto para o trabalho, para a escola, possa ver essa realidade. Precisamos ir para junto da população mais sofrida desse país”, avaliou.


Resgates


Desde a criação do Grupo Estadual de Combate ao Trabalho Análogo ao Escravo na Bahia – Getrae-BA, em maio de 2017, até março de 2019, 61 empregadores foram fiscalizados e 94 trabalhadores foram resgatados na Bahia. Os resgates resultaram na geração de mais de R$ 250 mil em verbas rescisórias. Além disso, muitos trabalhadores receberam valores referentes a dano moral individual.


A coordenadora do Combate ao Trabalho Escravo na Bahia, Liane Durão, ressaltou que a criação do Getrae possibilitou o fortalecimento da política de combate ao trabalho escravo no estado. “Hoje, conseguimos ter mais efetividade. Não somos apenas provocados por demandas. Atuamos planejando e fazendo o mapeamento de áreas sensíveis. Também produzimos relatórios que, inclusive, embasam eventuais ações criminais”, disse.


Também estiveram presentes na inauguração da exposição  a superintendente Regional do Trabalho na Bahia, Gerta Schultz; o secretário Nacional de Proteção Global do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Sergio Augusto de Queiroz; o secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Davison Magalhães: o coordenador da Coetrae-Ba, Admar Fontes Junior: o vice-presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 5ª Região – Amatra 5/BA, Guilherme Guimarães Ludwig; dentre outras autoridades.​

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