Em uma das casas havia uma criança de três anos trabalhando em atividade considerada de alto risco
Com informações da Detrae
Auditores-Fiscais do Trabalho integrantes do Grupo Móvel flagraram treze crianças e adolescentes trabalhando em casas de farinha em municípios do interior de Pernambuco. Foram também resgatados cinco adultos de condições análogas às de escravo.
Os trabalhadores resgatados estavam alojados em um local próximo à casa de farinha sem estrutura – não havia banheiro e água e as necessidades fisiológicas eram feitas no mato. Sem camas, os trabalhadores dormiam em redes. Tomavam banho e comiam na própria casa de farinha, em condições de higiene precárias. Preparavam as refeições em um fogareiro improvisado ao lado do chiqueiro dos porcos. O trabalhador que estava há mais tempo chegou em janeiro. Todos eram do Piauí.
A operação, que teve início no dia 21 de maio, contou com a participação de Auditores-Fiscais do Trabalho, de um procurador do Ministério Público do Trabalho, de um representante da Defensoria Pública e de 12 policiais militares de Pernambuco.
Ainda como parte da operação, os Auditores-Fiscais do Trabalho flagraram, no município de Serrolândia, graves irregularidades em três casas de farinha pertencentes à mesma família. Desta vez, não foi caracterizado o trabalho análogo ao de escravo, mas 80 trabalhadores, dos quais cinco com menors de 18 anos, trabalhavam em condições degradantes.
Na terceira casa de farinha foram flagrados 34 trabalhadores, dos quais oito menores de idade, entre eles uma criança de três anos. De acordo com Auditores-Fiscais, a criança raspava mandioca. "A cena com a criança de três anos raspando mandioca foi bem chocante. Como a mãe não tinha com quem deixá-la por falta de creches ou familiares, começou a levá-la. E, a partir daí, passou a ajudar no trabalho", explica o Audito-Fiscal do Trabalho André Dourado, que coordenou a operação.
Os trabalhadores adolescentes tinham entre 13 e 17 anos. Eles operavam máquinas para triturar a mandioca. A atividade está na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil por envolver esforços físicos intensos, acidentes com instrumentos perfurocortantes, movimentos repetitivos, temperaturas altas. Entre os prováveis riscos à saúde estão contusões, cortes, queimaduras, amputações, tendinites, entre outros.
Ao todo, a operação fiscalizou sete casas de farinha em Ipubi e duas em Araripina. Todas tiveram seu maquinário interditado por representarem graves riscos.