Criado há pouco mais de um mês, o Instagram já tem mais de mil seguidores
Por Lourdes Marinho
Auditores-Fiscais do Trabalho deram início a um projeto para preservar a memória do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, que atua no combate ao trabalho escravo há mais de 20 anos.
Com este objetivo, o Auditor-Fiscal do Trabalho e chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo - Detrae, do Ministério do Trabalho, Maurício Krepsky, criou o Instagram @trabalhoescravo. Na ferramenta são postadas fotos e vídeos, enviadas por Auditores-Fiscais do Trabalho de todo o País, das ações de combate a este crime, feitas pelo GEFM.
“A intenção foi reunir um acervo do grupo móvel que não está consolidado em nenhum tipo de banco de dados. Optamos pelas redes sociais por ser uma divulgação mais rápida, para manter viva a história do grupo móvel contada por meio de fotos”, disse Krepsky.
Há poucos dias no ar, o Instagram já conquistou mais de mil seguidores. As publicações ganham muitos likes, que na linguagem do mundo virtual significam curtidas.
Acompanhadas de textos, com relatos das condições que são encontrados os resgatados, as fotos e vídeos revelam a degradância a que são submetidos em várias áreas, como na indústria têxtil, em carvoarias, garimpos, plantações de café, carnaubais, criação de gado, entre outras atividades que exploram a mão de obra escrava.
A primeira ação do Grupo Especial, em 1995, em uma carvoaria, em Mato Grosso do Sul, é retratada nas fotos de homens, mulheres e crianças encontrados em condições degradantes pelos AFTs.“Depois de 20 anos, a gente trata esta ação como relíquia do grupo”, diz o criador do Instagram do trabalho escravo.
De acordo com Maurício Krepsky, foi a partir desta forma de fiscalização que o Brasil passou a ser referência mundial no combate às formas modernas de escravidão.
Histórias de vidas sofridas, privação de liberdade, de direitos, de respeito. “Até namorar era proibido dentro de garimpo aberto dentro de área de proteção no Pará. Lá 38 homens e mulheres foram resgatados pelo Grupo de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho, pois estavam em situação análoga à de escravos”, diz a legenda que acompanha a foto de uma trabalhadora resgatada, este ano, em Itaituba, no Pará.
As condições adversas enfrentadas pela fiscalização, para chegar aos locais mais distantes e de difícil acesso, também podem ser constatadas em uma foto com carros e equipe da fiscalização em uma balsa, ao atravessar um rio em Itaituba/Pará. A foto teve 326 curtidas, um número bem significativo, que revela o quanto o trabalho da fiscalização é bem-visto pelos internautas.
O texto que acompanha a foto diz que “nenhuma operação do GEFM é fácil... o planejamento realizado pelos auditores fiscais do trabalho envolve tanto aspectos sobre a existência de exploração de pessoas a condição análoga à de escravo quanto de logística para a equipe chegar ao local predeterminado e realizar a inspeção das condições de trabalho”.
Os posts também fazem referências às parcerias do GEFEM com outras entidades e categorias, a exemplo dos procuradores do Trabalho e das polícias Federal e Rodoviária Federal, que fazem a segurança dos AFTs nas operações.
Animais como amigos
A foto de um cachorro com olhar tristonho recebeu 166 curtidas. A publicação lembra “quantas vezes nas ações fiscais de combate ao trabalho escravo eles estão lá, companheiros de todos os trabalhadores, amigos fiéis alertando para o perigo, ajudando a passar o tempo, muitas vezes recebendo com festa os visitantes, dividindo o pouco que a realidade oferece”.
Resgatadores e resgatados
Participaram da primeira operação do GEFM os Auditores-Fiscais do Trabalho Mário Lorenzoni, José Pedro Alencar, Eduardo Vieira, Alano Maranhão e Hyrani Carvalho; os procuradores do trabalho Luiz Camargo de Melo e Luercy Lopes; pela Comissão Pastoral da Terra o padre Alfeo Prandel; e os motoristas oficiais da DRT/MS Germano Soares e Jerônimo Pereira.
Desde 1995, quando foi feita a primeira ação do Grupo Especial, os Auditores-Fiscais atuaram em mais de 4 mil ações de fiscalização, resgatando mais de 53 mil trabalhadores.
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