MS: Força-tarefa resgata quatro trabalhadores na região do Paiaguás, no Pantanal


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
10/02/2017



Uma Força-tarefa intitulada Operação Shemot resgatou quatro trabalhadores em condições análogas à escravidão, nesta quarta-feira, 8 de fevereiro, numa fazenda na região do Paiaguás, no Pantanal Sul Matogrossense, distante 419 quilômetros de Campo Grande (MS). Participaram do resgate Auditores-Fiscais da Superintendência Regional do Trabalho do Mato Grosso do Sul - SRT/MS, um Procurador do Ministério Público do Trabalho - MPT, Delegado e Agentes da Polícia Federal - PF, Agentes da Polícia Rodoviária Federal - PRF, Policiais Militares Ambientais e Agentes da Polícia Civil.


A operação foi deflagrada após uma notícia de que uma pessoa trabalhava de modo informal por mais de 20 anos na Fazenda Baía do Cambará, na região do Pantanal.


De acordo com o Auditor-Fiscal do Trabalho Antônio Parron, um dos coordenadores da operação, os quatros trabalhadores resgatados trabalhavam em condições degradantes. “Eles moravam e laboravam em condições indignas”.


Entre os resgatados, estava um idoso de cerca de 70 anos. O trabalhador não soube informar sua idade com precisão. O empregado trabalhava há mais de 20 anos no local em condições degradantes. O idoso não tinha documentos, dormia em um cômodo da edificação da propriedade em condições precárias.


Em situação semelhante estavam outros três homens, dois rapazes mais jovens e um com idade de 55 anos, que eram submetidos às mesmas condições. Os trabalhadores não possuíam registro em Carteira de Trabalho e nem recebiam salário.


Antônio Parron explicou que dois dos trabalhadores – cortadores de lenha – pegaram um cupinzeiro e usavam a estrutura como um fogão. “Cortaram a parte de cima, colocaram a lenha e faziam a comida em cima de uma chapa”. Também consumiam água parada de um corixo que tinha cor semelhante ao óleo diesel. Corixo é um canal que ligam as águas de baías, lagoas, alagados, etc, com os rios próximos.


O proprietário da fazenda, Gregório da Costa Soares, não foi encontrado no local. Ele se apresentou no dia seguinte na Agência do Trabalho em Corumbá, atendendo à notificação deixada na fazenda com sua esposa. Porém, não realizou qualquer pagamento e negou o vínculo empregatício com os trabalhadores resgatados. É a segunda vez que o proprietário da fazenda é multado. Em 2013, ele sofreu as mesmas sanções em lei pelo mesmo motivo. A operação continua em curso.


De acordo com Antônio Parron, os Auditores-Fiscais do Trabalho realizam ações fiscais em todo país com o objetivo de proteger os empregados. “Fazemos o que podemos, apesar do número reduzido de Auditores, a nossa missão é garantir os direitos dos trabalhadores brasileiros e vamos continuar percorrendo as longas distâncias deste país para conseguir protegê-los”.


Resgates


De 2012 até 2016, os Auditores-Fiscais do Trabalho que atuam na atividade rural em Mato Grosso do Sul identificaram 22 propriedades com condições de trabalho degradantes. Nesse período, 239 trabalhadores foram resgatados e foram pagos R$ 694 mil em verbas trabalhistas. Mesmo com dificuldades encontradas pela fiscalização, as diligências continuarão a ser realizadas, em virtude da essência da Inspeção do Trabalho, que é a busca da preservação da vida e da dignidade dos trabalhadores.


Assista aqui a entrevista do G1/MS com o Auditor-Fiscal Antônio Parron.

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