“Escravos da Esperança: a saga dos bolivianos em São Paulo” é título de uma reportagem especial produzida pela Rádio Senado (em duas partes) que mostra como os imigrantes do país enfrentam a dura realidade quando chegam ao Brasil em busca de emprego e se tornam vítimas do trabalho escravo contemporâneo.
Diante de uma situação de miséria, agravada pela instabilidade política e econômica da Bolívia, os imigrantes são enganados com falsas promessas de emprego, transporte, moradia e alimentação em São Paulo, numa situação bastante parecida com o aliciamento de trabalhadores aqui no Brasil. Quando chegam, passam a enfrentar jornadas de 90 horas semanais em oficinas de costura precárias. Diversas têm sido alvo de fiscalização de Auditores-Fiscais do Trabalho que constatam, regularmente, condições análogas à escravidão nesses locais. Empresas terceirizadas já foram flagradas explorando esses trabalhadores para fornecer confecção a grandes redes de lojas.
A matéria informa que, de acordo com a Pastoral do Imigrante e o Ministério Público Federal – MPF, há cerca de 200 mil imigrantes bolivianos em São Paulo. Eles entram no Brasil principalmente pela cidade de Corumbá (MT) e chegam à capital paulista em ônibus ou vans clandestinas.
Na maioria das vezes, os bolivianos explorados se mantêm ilegais e seus documentos são retidos pelos empregadores. Quase todos os contratos de trabalho são feitos verbalmente, ou seja, não há formalização. Por isso, nem sempre o salário combinado é recebido integralmente, sem contar que alguns levam meses para quitar as dívidas da viagem e não recebem nesse período.
A reportagem também mostra que há bolivianos que tiveram muitas dificuldades quando chegaram a São Paulo e hoje têm uma vida muito melhor do que se estivessem na terra natal. Alguns são donos de barracas na Praça da Cantuta, no bairro do Pari, onde, aos domingos, os imigrantes recém-chegados conseguem ter seus raros momentos de lazer por trabalharem de segunda a sábado.
GT – O Sinait coordena o Grupo Trabalho Estrangeiro, no âmbito da Comissão Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo – Conatrae, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – SDH. Até agora, a principal conquista do GT foi a mudança na Resolução 93/2010, da Coordenação Nacional de Imigração, que agora impede a deportação de os imigrantes ilegais resgatados pelo Grupo Móvel de Fiscalização sem receber os direitos trabalhistas. O grupo também está elaborando um Manual de Recomendações para prevenção e repressão ao trabalho escravo estrangeiro.
Ouça a reportagem da Rádio Senado acessando os links abaixo.