Uma indústria de bebidas no Mato Grosso terá que pagar R$ 80 mil em indenização para um ex-empregado que processou a empresa por danos morais na Justiça do Trabalho. Ele relatou que enquanto trabalhava no local recebeu por cinco vezes os troféus “tartaruga” e “laterna”. O trabalhador se sentia humilhado ao receber os “prêmios” e era motivo de piada entre os colegas. De acordo com o juiz que atuou no processo, o ex-empregado é mais uma vítima de empresas que querem aumentar suas vendas a qualquer custo e que humilham os trabalhadores que consideram ter tido um “desempenho insuficiente”.
Mais detalhes na matéria publicada na Folha Online.
27/01/2010
Folha Online
Empresa deve indenizar funcionário que recebeu troféu tartaruga
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Uma indústria de bebidas de Mato Grosso, franqueada da Coca-Cola, foi condenada pela Justiça do Trabalho a indenizar em R$ 80 mil um ex-funcionário que recebeu por cinco vezes os troféus "tartaruga" e "lanterna".
As "honrarias" eram concedidas pela Renosa Indústria de Bebidas S/A aos vendedores com os piores resultados semanais, e entregues diante de outros funcionários. À Justiça a empresa disse que o objetivo do prêmio era "motivar" os vendedores.
O ex-funcionário, Ivaldo Vicente da Silva, afirmou à Justiça que se sentia humilhado a cada vez que era obrigado a receber o troféu. O fato, segundo ele, era motivo de chacota entre os colegas.
"Alguns gritavam e tiravam sarro, chamando o vencedor de lanterninha ou segunda divisão. O troféu ficava sobre a mesa durante a semana e o "vencedor" o levava consigo para as reuniões", disse, na ação.
Silva trabalhou na Renosa de fevereiro de 1998 até janeiro de 2009, quando foi dispensado. No período, passou de repositor a coordenador de vendas na empresa.
As premiações ocorreram de novembro de 2006 a abril de 2008, segundo ele. A empresa diz, porém, que as premiações não se estenderam por mais de 60 dias.
Para o juiz José Roberto Gomes Junior, que condenou a empresa a pagar a indenização, Silva foi vítima de um "mal moderno das relações de trabalho".
"Certas empresas tentam aumentar as vendas à custa de submissão de seus empregados a tratamento humilhante", disse na decisão. "Sob vestes de brincadeira o que se quer mesmo é envergonhar o empregado pelo desempenho insuficiente."
A Renosa afirmou, por meio de advogado, que não concorda com a decisão e que já recorreu ao TRT.