Seis mortos e 12 feridos em explosão de navio-plataforma no litoral do ES

Seis trabalhadores morreram e 12 ficaram feridos em explosão no navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, na quarta-feira, 11 de fevereiro, em Aracruz, no litoral Norte do Espírito Santo


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
19/02/2015



Na terça-feira, 17 de fevereiro, foi encontrado o corpo de mais um operário morto na explosão do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus. Agora são seis os trabalhadores mortos e 12 os feridos. O acidente ocorreu na quarta-feira, 11 de fevereiro, em Aracruz, no litoral Norte do Espírito Santo, a cerca de 120 km da costa.


Segundo a Agência Nacional do Petróleo - ANP, 74 pessoas estavam no navio-plataforma no momento do acidente, e ainda há trabalhadores desparecidos.


De acordo com o chefe do Setor de Segurança e Saúde no Trabalho – Segur, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Espírito Santo – SRTE/ES, José Eduardo Freire de Menezes, a equipe portuária de Auditores-Fiscais aguarda especialista na área de acidente de trabalho, designado pela Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT em Brasília, para iniciar a investigação. “Temos informações preliminares de outros órgãos, mas assim que chegar o especialista da área começaremos in loco as apurações sobre a ocorrência”.   


José Eduardo explica que os dados iniciais são de que houve uma explosão por causa de um vazamento de gás na casa de bombas. “São informações que serão comprovadas, quando a equipe portuária começar a apuração do caso. Também estamos atentos para descobrir se os empregados acidentados são efetivos ou terceirizados”. 


Terceirização


A realidade encontrada pelos Auditores-Fiscais no dia a dia da fiscalização é de que os acidentes estão ocorrendo com mais frequência entre os trabalhadores terceirizados do que com os contratados diretos das empresas, lembra Rosa Maria Campos Jorge, presidente do Sinait. “Esses acidentes estão relacionados diretamente às condições precarizadoras de trabalho impostas pela terceirização, que violam direitos, adoecem e matam trabalhadores”, denuncia. 


A afirmação é reforçada pelo diretor do Sindipetro/ES, Enéias Zanelato, que declarou que a maioria dos trabalhadores a bordo do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus é terceirizada. “Os empregados do quadro são coordenadores de equipe e, os outros, são terceirizados, que atuam de maneira precarizada”. 


Enéias diz ainda que, atualmente, com as novas descobertas de petróleo no país, a demanda da Petrobras cresceu. “Há terceirização indiscriminada na atividade-fim, além de um plano de negócios e um processo de gestão que foca muito no aumento da produção”. A maneira que isso se reflete na empresa, segundo Zanelato, é o aumento no número de terceirizados que atualmente se encontra na proporção de cinco contratados para um concursado. “São 85 mil concursados para 300 mil terceirizados e o número deve se ampliar com a produção do pré-sal”. 


No entanto, segundo Enéias, o Sindipreto/ES luta para que haja uma política de concursos públicos permanentes. “Os empregados concursados não sofrem acidentes de trabalho, o que significa que há uma sobrecarga para os terceirizados que precisa acabar, e uma forma de mudar isso é por meio de concurso público”. 


Feridos


Segundo a Secretaria de Saúde do Espírito Santo, os feridos foram levados para hospitais em Vitória, capital capixaba. Dentre eles, três têm queimaduras graves e nove sofreram traumas. Nesta quarta-feira 33 operários foram desembarcados e 31 permaneceram no navio. As vítimas foram levadas para a terra em helicópteros e depois transportadas em ambulâncias para vários hospitais da capital. 


Entre os 12 trabalhadores que se feriram na explosão, três foram liberados nesta manhã de quinta-feira, 12 de fevereiro, e nove continuam internados. O diretor técnico do Vitória Apart Hospital, Cláudio Pinheiro, informou que o paciente em estado mais crítico é um filipino, que chegou sedado ao hospital e está em coma. A unidade informou que a Petrobras não autorizou a divulgação dos nomes dos pacientes. 


Nota ANP


Nota divulgada pela Agência Nacional de Petróleo - ANP informa que ocorreu uma explosão na casa de bombas às 12h50 e que foi comunicada uma hora depois. Segundo a Agência, 74 pessoas estavam no navio-plataforma. Não houve vazamento de óleo no mar. 


Petrobras


O navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus é operado pela BW Offshore contratada da Petrobras, que confirmou o número de vítimas e informou que havia 74 pessoas embarcadas no total – mas não especificou quantas trabalham para a petroleira. "A unidade opera, desde junho de 2009, no pós-sal dos campos de Camarupim e Camarupim Norte, no litoral do Espírito Santo, a cerca de 120 km da costa", afirma o texto. 


A plataforma, que armazena e produz petróleo e gás, tem foco maior na produção de gás. Segundo a ANP, sua produção é de 2,250 milhões de metros cúbicos de gás/dia e 350 metros cúbicos de óleo/dia. O FPSO Cidade de São Mateus foi o primeiro para gás instalado no Brasil. O contrato entrou em vigor em 2009 e tem duração até 2018. 


Investigações


A Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos do Espírito Santo - CPES, informou que tomou conhecimento da explosão na plataforma e encaminhou um navio e duas aeronaves para a área, “com a prioridade inicial de realizar a evacuação de pessoal e remover as vítimas para os hospitais da Grande Vitória".  


A CPES diz ainda que será aberto um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN), para esclarecer as causas e responsabilidades pelo ocorrido na plataforma. "O prazo para a conclusão do inquérito é de 90 dias”, diz a nota. 


Com informações G1 ES, Gazeta online, Diário do Nordeste (CE) e SRTE/ES.

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