Na década de 70, em plena Ditadura Militar, o religioso Dom Pedro Casaldáliga levou a público as primeiras denúncias referentes a trabalho análogo a escravidão em São Félix do Araguaia, no Mato Grosso. Após mais de 40 anos, a situação do Estado ainda é semelhante. É o segundo em número de trabalhadores resgatados da escravidão contemporânea. Mais de 5,8 mil pessoas foram retiradas dessas condições pelos Auditores-Fiscais do Trabalho nos últimos 16 anos.
O Mapa Social, uma série de reportagens da ONG Repórter Brasil sobre todas as regiões do país, demonstra mazelas socioeconômicas que levam à ocorrência de trabalho escravo e outros casos de desrespeito aos Direitos Humanos no Mato Grosso, o maior Estado do Centro-Oeste.
De toda a faixa territorial, apenas 13,38% são de áreas com menos de dez hectares. Além da alta concentração de terras, outra característica do Estado é a economia voltada quase que exclusivamente para o agronegócio: 70% do Produto Interno Bruto – PIB que, no interior, chega a 90%. As empresas locais têm travado disputa com as concorrentes internacionais, expoentes no ramo da soja, que se instalaram no Estado.
Porém, segundo as reportagens, junto ao crescimento desenfreado do setor, aumenta o desrespeito às leis ambientais e aos direitos de índios - como os que vivem na tribo Maraiwatsede. O trabalho escravo constatado pelos Auditores-Fiscais ocorre, na maioria das vezes, na zona rural. Grande parte dos trabalhadores se submete a condições degradantes por causa do corte de árvores para ampliação da fronteira agropecuária. A população do Estado também sofre com diversos problemas sociais. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) 2009, 11,1% dos moradores não têm acesso a esgoto sanitário e a pobreza atinge mais de 1,07 milhão de matogrossenses.
As matérias também destacam denúncias sobre ameaças de morte e assassinatos contra líderes sindicais que defendem os trabalhadores e pequenos produtores rurais. Dom Pedro Casaldáliga, por exemplo, é um dos ameaçados até hoje.
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