Análise das eleições 2010


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
20/09/2010



O SINAIT divulga o artigo do Jornalista e analista político, Antônio Augusto de Queiroz, que faz uma análise do cenário político para as eleições da Câmara dos Deputados com base em quatro projeções feitas por três consultorias de pesquisas e um cientista político. Os critérios vão desde o desempenho individual do político ao mais inovador que tomou como base o crescimento dos partidos nas eleições municipais.


 

Abaixo, matérias da agência Câmara sobre este assunto.

 

 

Projeções de eleição para a Câmara dos Deputados

 

Por Antônio Augusto de Queiroz*

 

A duas semanas das eleições gerais surgem os primeiros cenários para a Câmara dos Deputados. Pelo menos quatro projeções com as futuras bancadas já foram divulgadas: 1) do DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, 2) do professor David Fleischer, da UnB, 3) da consultoria Patri, e 4) da consultoria Arko Advice.

 

As projeções indicam que o PT, o PSDB, o PSB e o PCdoB crescem; o PMDB, o PDT, o PP, o PTB, o PPS e o PV sofrem pequenas oscilações para baixo ou para cima; e perdem o DEM e o PR. Veja quadro comparativo a seguir.

 


 


Fonte: Diap – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar

*Atualizada em 16/09/2010

(1) – PRONA e PL se fundiram, formando o PR

(2) – Incorporado ao PTB

(3) – Considera apenas o titular ou suplente no exercício do mandato

 

As metodologias adotadas são distintas, para cada projeção, tanto na forma quanto no conteúdo.

 

Quanto à forma, o DIAP e a Arko Advice optaram por um intervalo, com previsão de bancada máxima e mínima, em função das coligações e quociente eleitoral. Já o professor David Fleischer e a Patri resolveram cravar um número para a futura composição da Câmara por partido.

 

Sobre o conteúdo, o DIAP considerou, basicamente, seis aspectos: 1) desempenho individual do candidato (perfil, vínculos políticos, econômicos e sociais, experiência política anterior e serviços prestados), 2) trajetória e popularidade do partido, com base nas últimas cinco eleições), 3) os recursos disponíveis (financeiros e humanos, como financiadores e militantes), 4) coligações e vinculação a candidatos majoritários (senador, governador e presidente), 5) apoio governamental (máquinas municipais, estaduais e federal), e 6) pesquisas eleitorais.

 

O professor David Fleischer utilizou um critério inovador e muito interessante. Ele fez suas projeções de bancadas com base no crescimento dos partidos nas eleições municipais.           Para tanto, analisou o desempenho dos partidos nas eleições municipais de 1992, 1996, 2000, 2004 e 2008 e comparou com seus respectivos resultados nas eleições proporcionais dos anos de 1994, 1998, 2002 e 2006 encontrando simetria plena entre os dois pleitos.

 

As projeções das consultorias políticas Patri e Arko Advice levaram em consideração, além da expertise de seus consultores, as pesquisas eleitorais, as estruturas de campanha dos partidos e dos principais candidatos à Câmara Federal.

 

O estudo do DIAP, além da previsão nacional dos partidos, também incluiu as bancadas por Estado e os nomes dos candidatos com chance de eleição, que serão divulgados ainda no mês de setembro.

 

A principal conclusão das projeções, caso se confirmem, é que a atual oposição, no conjunto, perde vagas em relação à situação. Isto significa que, num eventual governo Dilma, a base de apoio será ampliada na Câmara. Se, eventualmente, o eleito for José Serra, terá uma oposição com poder de veto em relação a propostas de emendas  à Constituição, já que excluídos os votos dos partidos de oposição, particularmente os de esquerda e centro-esquerda (PT, PSB, PDT, PCdoB e PSol) não reuniria 308 votos.

 

(*) Jornalista, analista político, Diretor de Documentação do Diap e autor dos livros “Por dentro do processo decisório – como se fazem as leis” e “Por dentro do Governo – como funciona a máquina pública”.

 



Veja o quadro com a previsão para as bancadas partidárias com mandato a partir de 2011. 

 

Critérios da análise

O sócio e diretor de análise política da Arko Advice, Cristiano Noronha, explica que as projeções foram feitas com base no resultado dos partidos em eleições passadas, nas alianças estaduais e na avaliação do perfil dos principais candidatos, cujos votos podem eleger também outros colegas de partido.

O Diap levou em consideração também a popularidade dos partidos, os recursos disponíveis para as campanhas, as parcerias com candidatos a cargos de eleição majoritária e as pesquisas eleitorais recentes.

 

O principal motivo para o crescimento das bancadas aliadas ao atual governo, segundo Noronha, é a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo governo conta com 79% de aprovação, conforme pesquisa do Datafolha divulgada em agosto. "Muitos candidatos estão usando a imagem do presidente e a base aliada tende a surfar na onda do Lula", argumenta.

 

No entanto, para o cientista político e pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Jairo Nicolau, essas previsões não passam de "chutes com bom senso".

 

Bancada petista

O aumento da bancada aliada ao governo atual poderá ser ainda maior se as urnas confirmarem a previsão do doutor em ciência política Alberto Carlos Almeida. Segundo ele, o PT, que hoje conta com 79 deputados, poderá eleger 130 parlamentares para a Câmara, ou 25,3% do total de deputados federais.

 

A projeção é baseada em uma suposta associação direta entre a quantidade de eleitores simpáticos ao partido e a proporção de deputados eleitos. Hoje, observa Alberto Carlos, a preferência em relação ao PT gira em torno de 25% dos eleitores - e poderia chegar a 30% nos dias mais próximos às eleições. Segundo o pesquisador, esse tipo de associação só teria validade para o PT devido à fidelidade eleitoral ao partido confirmada nas últimas cinco eleições.

 

Já as projeções de crescimento da Arko Advice, da Patri, do Diap e de David Fleischer para o PT são mais modestas. Os institutos preveem a eleição de 85 a 110 deputados petistas.

 

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