Trabalho escravo – aumentam casos nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
10/09/2010



10-9-2010 – SINAIT

 

Os casos de trabalho escravo nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul têm crescido em relação aos flagrantes das Regiões Nordeste e Norte. Balanço da Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT demonstra que neste ano de 2010 estão sendo registradas menos denúncias do que em 2009, porém, houve migração dos locais de ocorrências - http://www.mte.gov.br/fisca_trab/est_resultado_quadro_trabescravo2010.pdf.

Em 2010, até 18 de agosto, foram realizadas 67 operações de fiscalização, em que foram inspecionados 138 estabelecimentos, com a libertação de 1.318 trabalhadores e pagamento de 3.373.122,64 de reais em indenizações trabalhistas.

A despeito da diminuição das denúncias, o Grupo Móvel e as equipes de fiscalização rural nas Superintendências Regionais não param de trabalhar e constatar que a exploração continua, mesmo que em atividades diferentes, como o cultivo da erva-mate em estados da Região Sul. Em mais uma ação, atividade de extração de erva-mate no Paraná foi flagrada em situação de exploração de trabalhadores submetidos a regime de escravidão. Desta vez foram liberados 19 trabalhadores, entre os quais havia adolescentes entre 12 e 15 anos.

 

Leia matéria da Repórter Brasil:

 

6-9-2010 – Repórter Brasil

Meninos são libertados de trabalho análogo à escravidão

Nova libertação encontrou 19 pessoas submetidas a condições análogas à escravidão na extração de erva-mate na Fazenda São Manuel, em Palmas (PR). Três adolescentes - de 12, 13 e 15 anos - estavam entre as vítimas

Por Rodrigo Rocha

 

Uma operação encontrou 19 trabalhadores em condições análogas à escravidão na extração vegetal de erva-mate na cidade de Palmas (PR), sul do Estado. Três meninos com menos de 18 anos de idade estavam entre as vítimas. Eles tinham respectivamente apenas 12, 13 e 15 anos de idade. 

A situação foi flagrada pelo grupo móvel - com participação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR) e da Polícia Federal (PF) - em fiscalização realizada no começo de agosto deste ano na área denominada Fazenda São Manuel.

Segundo o procurador do trabalho Gláucio Araujo de Oliveira, que acompanhou a inspeção, os trabalhadores foram contratados por meio da  chamada "quarterização". A Ervateira Pagliosa comprou a produção de erva-mate da Fazenda São Manuel e simplesmente "repassou" o que tinha adquirido para a Ervateira Herança Nativa, responsável pela contratação dos trabalhadores. A Fazenda São Manuel passa por processo de inventário e possui mais de 20 proprietários, entre pessoas físicas e jurídicas.

Os trabalhadores estavam alojados em barracos de lona e sem camas. Dormiam em colchões dispostos diretamente sobre chão de terra batida. Além dos empregados submetidos ao trabalho escravo contemporâneo, três famílias dividiam as oito barracas instaladas improvisadamente no meio da mata.

Não havia instalações sanitárias adequadas - o "banheiro" era um cercado de placas de madeira (confira foto abaixo) - e a água utilizada pelos empregados era retirada da mesma fonte na qual os cavalos da fazenda matavam a sede.

Como recebiam por produção, a jornada de trabalho era de domingo a domingo, sem o descanso exigido por lei. Nenhum deles tinha registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Eles tinham  de permanecer à dispos ição do empregador mesmo quando não trabalhavam nos dias de chuva e ficavam sem remuneração, explica o procurador Gláucio.

Os libertados também não recebiam equipamentos de proteção individual (EPIs). Até mesmo os adolescentes trabalhavam sem luvas. As ferramentas também tinham de ser providenciadas pelos próprios trabalhadores.

A auditora fiscal do trabalho Luize Surkamp Neves, que coordenou a operação, conta que o grupo mais antigo de empregados estava trabalhando na fazenda em condições degradantes ao extremo desde dezembro de 2009. Outros, porém, tinham chegado ao local em julho deste ano. Todos eram de Palmas (PR) e Clevelândia (PR) e voltavam para casa a cada 15 ou 20 dias, quando recebiam o "salário".

Foram lavrados, ao todo, 22 autos de infração aos responsáveis pela situação flagrada na Fazenda São Manuel. As verbas rescisórias chegaram a R$ 46 mil e as indenizações por dano moral individual totalizaram mais de R$ 22 mil. Ambas não foram pagas pelos proprietários e o MPT deve entrar com ação civil pública (ACP) para solicitar o p agamento.

A ervateira Herança Nativa assinou termo de ajustamento de conduta (TAC) junto ao MPT e ainda terá de pagar R$ 50 mil por dano moral coletivo. No caso das outras empresas, o procurador afirmou que entrará com ações civis públicas requisitando o pagamento de multa de R$ 100 mil também por dano moral coletivo.

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