Companhia fornecedora de uma das maiores empresas de equipamentos eletrônicos e softwares do mundo foi inspecionada na China e a auditoria detectou várias irregularidades, dentre elas, jornadas exaustivas e más condições de trabalho.
A fiscalização independente constatou que a fornecedora infringiu leis chinesas e também normas de procedimento da indústria. O relatório com essas avaliações foi produzido após auditores independentes entrevistarem 35 mil dos cerca de 1,2 milhões de trabalhadores nas três fabricas das cidades de Guanlan, Longhua e Chengu, na China.
Segundo especialistas, em 2018, a China ultrapassará os Estados Unidos e se tornará a maior economia do mundo. Em 2010, o país cresceu 10,5%, e produz para quase todo o mundo, consequentemente, compramos uma extensa lista de produtos confeccionados na China. O telefone celular que você usa, muito provavelmente, tem pelo menos um componente fabricado na China. O dado preocupante é que o crescimento econômico chinês baseia-se na exploração sem precedentes da mão de obra barata e com baixa qualificação profissional.
Produtos que entram no mercado brasileiro nos setores de roupas, brinquedos, produtos elétricos e eletrônicos e até carros são, em geral, produtos de má qualidade, que trazem a marca da mão de obra em condições análogas a escravidão. Um país como o Brasil, que assumiu o compromisso pela erradicação do trabalho escravo, realiza um combate exemplar realizado pelos Auditores-Fiscais do Trabalho e que já mapeou diversas cadeias produtivas com o objetivo de reprimir a exploração, precisa ser firme na fiscalização da origem dos produtos que entram para ser comercializados aqui.
Segundo estimativas globais registradas pela Organização Internacional do Trabalho – OIT, 12,3 milhões de pessoas são vítimas do trabalho forçado no mundo, sendo mais de 2,4 milhões trancafiados; 9,8 milhões explorados por agentes privados e 2,5 milhões são forçados a trabalhar por Estados ou por grupos rebeldes militares.
Confira os indicadores globais de trabalho forçado da OIT, clicando
aqui.
Mais detalhes na matéria da Folha de São Paulo:
30-3-2012 – Folha de São Paulo
Auditoria vê condições degradantes de trabalho na fornecedora da Apple
Inspeção divulga irregularidades um dia após visita de Tim Cook a fábricas da Foxconn na China
Foxconn diz que vai reduzir jornada de 60 para 49 horas semanais e que vai contratar mais funcionários
DA REUTERS - DE SÃO PAULO
Uma inspeção de um mês da FLA (Associação pelo Trabalho Justo, na tradução do inglês) constatou que funcionários da Foxconn trabalhavam mais de 60 horas por semana e até 11 dias seguidos.
Com isso, a fornecedora de componentes da Apple, da Dell, da Microsoft e da HP violou não só as leis chinesas, mas também os códigos de conduta da indústria.
O relatório independente em que constavam os apontamentos foi divulgado ontem, um dia após o presidente-executivo, Tim Cook, visitar pela primeira vez as instalações da Foxconn depois de assumir o cargo.
Ele foi ao parque tecnológico de Zhengzhou, que emprega 120 mil pessoas.
O percurso foi guardado a sete chaves, mas contou com a visita a uma das duas lojas da Apple na capital chinesa.
Incluiu também encontros com o vice-primeiro-ministro da China, Li Keqiang, e com o prefeito de Pequim.
A FLA ouviu cerca de 35 mil do 1,2 milhão de trabalhadores da Foxconn e inspecionou as três fábricas - de Guanlan, Longhua e Chengu.
Autorizadas pela Apple, as investigações começaram depois de críticas de que iPhones e iPads eram fabricados com a exploração do trabalho de chineses.
A FLA encontrou más condições de trabalho. Dos funcionários ouvidos, 43% já tinham visto acidente ou sido vítimas. A remuneração mensal ficava entre US$ 360 (R$ 650) e US$ 455 (R$ 820) - recentemente a Foxconn reajustou os salários em 25%. Em resposta ao resultado da averiguação, Apple e Foxconn concordaram em uma parceria para melhorar as condições de trabalho.
"Apple e Foxconn são duas das maiores empresas nesse setor e, assim que elas trabalharem juntas para uma mudança, eu realmente creio que elas liderarão o resto do setor", disse Auret van Heerden, presidente da FLA.
A Foxconn vai reduzir o tempo de trabalho de 60 para 49 horas - incluindo as horas extras. Para compensar, contratará mais 10 mil trabalhadores e construirá novas casas para acomodá-los.