AFTs encontram trabalhadores alojados em chiqueiros em SC


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
19/05/2010




Fora do eixo tradicional de ocorrências de trabalho escravo - Regiões Norte e Centro-Oeste - os Auditores Fiscais do Trabalho – AFTs,  da equipe de fiscalização rural, encontraram, no dia 12 de maio, em Santa Catarina, 12 trabalhadores submetidos a condições degradantes de trabalho no município de Ipumirim. Eles foram levados de União da Vitória, no Paraná, para trabalhar na colheita de erva mate.


 


Segundo relato dos AFTs, os trabalhadores estavam alojados em “chiqueiros de porcos” desativado, dividindo o espaço das baias com os cavalos que arrastavam erva mate para os caminhões.


 


No local havia fezes e pequenos animais mortos, como ratos. Os colchões estavam sobre ripas para não ficar diretamente no chão, onde a água das chuvas que assolam o estado escorrem constantemente. Não havia proteção contra o frio da região que, na noite anterior à da fiscalização, chegou à temperatura de 10 graus. Havia também três adolescente entre os trabalhadores.


 


Do salário era descontada toda a comida comprada no mercado. O banheiro era o mato; o banho, no rio. A jornada de trabalho, de cerca de 12 horas diárias, em trabalho estafante. O empreiteiro foi preso em flagrante e haverá responsabilização civil e criminal para todos os envolvidos: donos do chiqueiro, proprietários da plantação de erva mate e contratantes.


  


De acordo com a AFT, Lilian Carlota Rezende, que atuou na operação de resgate dos trabalhadores, o grupo de fiscalização rural contou, além da Polícia Federal, com o apoio das Polícias Militar e Civil local.


 


“Sempre que há necessidade de acompanhamento policial, no interior onde não há como conseguir de imediato o apoio da Policia Federal, recorremos a Policia Militar e sempre recebemos o apoio necessário”, diz a AFT.


 


Nesta operação houve uma situação inusitada que foi a prisão em flagrante do “gato” - atravessador que contratou os trabalhadores para os empregadores.  “O Delegado foi na hora ao local do alojamento, fez a prisão em flagrante e encaminhou o atravessador para o presídio”, destacou Lilian Rezende.


 


Eficiência da Fiscalização - Em entrevista concedida nesta terça-feira 18, quando anunciou o novo recorde de geração de empregos formais no mês abril, o Ministro do Trabalho e Emprego Carlos Lupi falou também sobre a migração do trabalho escravo das Regiões Norte e Centro-Oeste para outras regiões do país. De acordo com  o ministro o  fato deve-se à fiscalização intensiva nos Estados das regiões citadas, que historicamente concentram as denúncias de escravidão e trabalho degradante.


 


O SINAIT destacou em várias ocasiões este fenômeno de migração, repercutindo ações do Grupo Móvel e das equipes de fiscalização rural das Superintendências Regionais – SRTEs em vários estados das regiões Sudeste e Sul, principalmente. A Região Nordeste também apresenta incidência, mas continua sendo a região que mais exporta trabalhadores para os locais de exploração da mão-de-obra.


 


Clique aqui e saiba mais detalhes sobre a ação da fiscalização rural em Santa Catarina, em matéria veiculada pelo Portal R7.


 


Veja, também, matéria da Agência Brasil sobre a fala do Ministro Lupi.


 


18-5-2010 – Agência Brasil


Lupi: fiscalização faz trabalho escravo migrar para outras regiões


Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil


 


Brasília - A fiscalização do Ministério do Trabalho para combater a exploração de mão de obra análoga à escravidão tem diminuído as denúncias em estados onde a situação era considerada crítica, como o Pará, e o problema está aparecendo com mais frequência em outras regiões. A avaliação é do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que esta semana recebe a relatora especial da Organiz ação das Nações Unidas (ONU) sobre formas contemporâneas de escravidão, a advogada armênia Gulnara Shahinian.


 


A comissária ficará dez dias no país, mas o roteiro não incluiu nenhum município do Pará, campeão de citações na chamada lista suja do trabalho escravo, nem estados com grande número de registros, como Goiás e Mato Grosso do Sul.


 


“Fizemos uma ação forte nessas regiões onde tínhamos maior número de registros. No ano passado, tivemos muitos casos no interior do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, por exemplo. Há um redirecionamento, porque a fiscalização começou a dar certo em algumas regiões”, disse Lupi hoje (17) após participar do programa de rádio Bom Dia, Ministro.


 


Segundo ele, apesar do grande número de trabalhadores que ainda são submetidos à situação análoga à escravidão no país, o Brasil registrou avanços nos últimos anos no combate a esse tipo de crime. “No geral, nossa avaliação é positiva, o problema diminuiu. Antes o Brasil era denunciado porque não fazia nada, hoje o país é referência. A ONU está vindo aqui ver como agimos”, disse.


 


Em 2009, 3.769 pessoas foram resgatadas em condições análogas à escravidão pela fiscalização do Ministério do Trabalho. Este ano, até o início de maio, pelo menos 653 pessoas foram libertadas.

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