06 Dez

Mercado de vestuário: Apenas 22% das marcas brasileiras revelam dados sobre o trabalho escravo

Publicada em: 06/12/2022

A informação foi evidenciada a partir do Índice de Transparência da Moda Brasil 2022, da ONG Fashion Revolution 

Por Cristina Fausta, com informações do site Metrópoles
Edição: Lourdes Marinho 

Com a finalidade de exibir os níveis de transparência no mercado de vestuário brasileiro, a ONG Fashion Revolution divulgou a quinta edição do Índice de Transparência da Moda Brasil (ITMB) e, entre os dados apresentados, está a estimativa de que apenas 22% das 60 marcas avaliadas revelam as informações sobre o trabalho análogo à escravidão. 

A ONG Fashion Revolution se propõe a mapear a situação das marcas em diversos pontos, como práticas de compra; salário justo para viver; igualdade de gênero e racial; circularidade; clima e biodiversidade; entre outros. A organização é um movimento global que trabalha para que a moda conserve e restaure o meio ambiente, valorizando as pessoas acima do crescimento e do lucro e existe para que a moda seja limpa, segura, justa, transparente, diversa e responsável para todos e todas. 

Trabalho escravo
Com a pesquisa, foi possível descobrir que somente 22% das marcas avaliadas publicam dados sobre a prevalência de violações relacionadas ao trabalho análogo à escravidão ou a existência de fatores de risco. Os critérios englobam horas extras excessivas e forçadas; liberdade de movimento restrita; retenção de passaporte de trabalhadores, documentos pessoais e salários; e servidão por dívida ou queixas relacionadas a práticas de recrutamento. 

Entre as 60 marcas brasileiras mais bem posicionadas pelo índice, a pontuação média foi de 17%, um ponto percentual a menos do que o apresentado em 2021. O estudo apresenta as marcas que se destacaram pelo cumprimento das normas e aponta, também, as que foram negativamente classificadas. 

Inspeção do Trabalho
O setor de vestuário é um dos maiores setores econômicos do país e a Inspeção do Trabalho envida esforço concentrado no enfrentamento ao trabalho escravo neste segmento, como está demonstrado no livro do SINAIT “Trabalho escravo na Indústria da Moda no Brasil”. Pelo livro, é possível entender como se iniciou a fiscalização nas oficinas de costura da cidade de São Paulo, onde há grande concentração de trabalhadores estrangeiros, indocumentados, muitos deles vítimas de tráfico de pessoas. 

A publicação, lançada no dia 28 de abril de 2022 como parte das atividades promovidas pelo Sindicato Nacional no Fórum Social Mundial Justiça e Democracia (FSMJD), que aconteceu na cidade de Porto Alegre, foi organizada pelos Auditores-Fiscais do Trabalho Lívia Ferreira e Renato Bignami, com o apoio do SINAIT. 

A obra foi concebida a partir de pesquisa histórica realizada nos arquivos do Programa Estadual de Combate ao Trabalho Escravo da Superintendência Regional do Trabalho em São Paulo.